Para 99% dos clientes de São Paulo, a energia chega por redes de distribuição aérea. Embora as redes subterrâneas sejam mais confiáveis, para o especialista Juliano Gonçalves é impraticável substituir toda a rede aérea por subterrânea. A solução, então, pode estar na melhoria das redes aéreas.
Segundo o engenheiro eletricista e Head da Divisão de Cabos da Megger no Brasil, essa melhoria deve ser feita com o aprimoramento da engenharia de desenho de redes, que deve prever opções de socorro entre circuitos, investimentos em tecnologia com chaves automáticas que transferem trechos de circuitos de uma fonte para outra, isolam trechos defeituosos e liberam o restante do circuito para ser religado - tudo isso de maneira automática.
"Também é necessário melhorar os processos internos das empresas de distribuição com dimensionamento dos recursos de maneira adequada e utilizando tecnologia para medir cargas em tempo real em pontos do circuito, além de simular situações de catástrofes, como vendavais, picos de calor, enchentes, etc", afirmou em conversa com o Terra.
Além disso, poderia ser uma alternativa viável no ponto de vista ambiental, trazendo mais sustentabilidade e menos degradação a natureza. "Toda a automação da rede aérea reduziria drasticamente a necessidade de veículos circulando na cidade, e isso tem impacto direto na emissão de gases de efeito estufa", ressalta Juliano.
Substituição para redes subterrâneas
Fazer os ajustes para 'enterrar a fiação' tem um alto custo, já que precisaria de uma reformulação no sistema atual, mas como poderia ser feito cortando gastos? A melhor maneira, de acordo com o especialista, é unir três aspectos:
- Técnicos: a rede apresenta as condições e características de alta densidade de carga, que ressaltam os benefícios e facilitam sua aplicação;
- Iniciativa pública: o poder público tem interesse em revitalizar ou melhorar as condições de infraestrutura daquela região, participando com parte do investimento e facilitando na logística da obra;
- Interesse da iniciativa privada: empresas, associações de moradores ou lojistas têm interesse em transformar uma determinada região, e participam do investimento.
Em longo prazo, considerando a visão geral de que haverá menos perdas de negócios, de produtos perecíveis e aumento de atividade comercial devido à revitalização da região, talvez fosse viável a substituição pela rede subterrânea, mas dependeria muito do tipo de sistema utilizado, que pode variar de cinco vezes a 12 vezes o custo de uma rede aérea.
No ponto de vista ambiental, há o impacto visual, pois a poluição visual dos postes é drasticamente reduzida. O plantio de árvores seria facilitado, pois não serão necessárias podas radicais para evitar contato com a fiação, possibilitando uma maior arborização da cidade. "Eventualmente uma redução da necessidade de veículos de manutenção circulando pela cidade, ou fazendo manutenções na rede, também reduziria a quantidade de emissões de gases", completa o engenheiro.