Quem pensa na onça-pintada logo tem em mente a sua pelagem amarela repleta de manchas pretas. O símbolo da cédula de R$ 50, entretanto, também se destaca por seu corpo que pode chegar a 1,80 metro - do focinho até a ponta da cauda- e 135 quilos, o que a torna o maior felino das Américas.
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Junto a esses atributos, a espécie se caracteriza por ser solitária e territorialista, conforme a professora Luciana Batalha, da Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás, explica ao Terra. Esse comportamento, no entanto, muda em épocas de reprodução, quando ele pode interagir e socializar com outros indivíduos.
Além disso, a docente destaca que a onça-pintada costuma marcar território por meio de urina, fezes e marcas de garra em árvores. Com hábitos de deslocamento a partir do anoitecer, a espécie também gosta de nadar e subir em árvores.
Seu tamanho ainda a transforma em um perigo para outras espécies da fauna americana. Com força e dentes afiados, a onça-pintada tem as capivaras, catetos, queixadas e veados como suas presas mais comuns na natureza.
Outra característica que torna a onça-pintada diferenciada é que ela é o único mamífero do gênero panthera - que abrange leões, leopardos e tigres - e também o único felino que ruge a viver nas Américas. O tamanho citado faz com que essa seja a maior espécie carnívora da América do Sul e o terceiro maior felino do mundo.
Riscos de extinção
Mesmo com a aparência imponente, a espécie não escapa dos riscos. O mamífero, atualmente, é classificado com o status de ‘quase ameaçada’ de extinção da lista vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza.
Esse temor é causado principalmente pela destruição de seu habitat com queimadas, desvio do curso de rios e desmatamento, por exemplo, e pela caça predatória. Os ataques ao animal são motivados aspectos culturais (recreação) e econômicos, como a venda da pele para evitar invasão da onça à áreas de rebanho.
De acordo com o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros, 50% dessa população restante de onças-pintadas vive no Brasil, distribuídas na Amazônia, Pantanal, Cerrado, Mata Atlântica e Caatinga.
Apesar da concentração em território brasileiro, a espécie é registrada em quase todo o continente americano, como na Argentina, Belize, Bolívia, Estados Unidos, COlômbia, Costa Rica, Equador, Guiana Francesa, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Suriname, Peru e Venezuela. Por outro lado, ela é considerada extinta no Uruguai e em El Salvador, conforme dados do IUCN.
A possibilidade de extinção da onça-pintada liga um sinal de alerta em todos, até mesmo em suas presas. Por ser um animal do topo da cadeia alimentar, a espécie “serve como instrumento para o diagnóstico daquele bioma”, segundo Batalha detalha à reportagem.
“Quando o animal topo de cadeia alimentar não está presente naquela região, todas as outras espécies que são base dessa cadeia começam a se multiplicar em maior quantidade. Quando isso acontece, existe um desequilíbrio muito grande nessa cadeia. Eles começam a entrar num pico de estresse, baixam a imunidade. Então, a gente vai começar a ter uma mortalidade desses animais por essas doenças que estão aparecendo na natureza. Além disso, vai aumentar a competição entre esses animais também, porque não vai ter bioma para todos eles”, explica a professora.
Com a ausência da onça-pintada e a alteração na base da cadeia alimentar, esses animais podem começar a migrar para próximos de áreas urbanas. Essa mudança de ambiente pode levar prejuízo financeiro para a região devido ao contato com a produção de animais para consumo e de grãos, além de contaminação das espécies, levando doenças no retorno para a natureza.