O plano das equipes do presidente Jair Bolsonaro e do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, de fazer uma viagem ao Pantanal na próxima semana para acompanhar a soltura de uma onça-pintada que sobreviveu às queimadas foi cancelado. A ideia, revelada pelo Estadão, tinha causado mal estar entre alguns voluntários que acompanham o processo de salvamento do felino e gerado críticas nas redes sociais.
Auxiliares do presidente Bolsonaro afirmam que ele tem viagens programadas para São Paulo, no dia 21, e para o Maranhão, no dia 23. Por enquanto, não há previsão de uma nova data para ida dele ao Pantanal.
O resgate e o tratamento do Ousado, nome dado por nativos à onça, foram providenciados e custeados por ONGs e voluntários, sem participação do governo. Autoridades federais apenas cederam o helicóptero da Marinha que tirou o animal de Poconé (MT) e o levou até Cuiabá no mês passado, antes de os cuidados serem reassumidos por grupos não governamentais.
Nas redes sociais, usuários se queixaram da possível participação do presidente na reinserção do animal na natureza porque a atuação federal na recuperação foi mínima. O governo é duramente criticado pela falta de respostas para conter as queimadas que quase mataram o felino.
Ousado, que chegou a ter queimaduras de segundo grau nas quatro patas, foi tratado na ONG NEX No Extinction. Localizada em Corumbá de Goiás, a 80 quilômetros de Brasília, a instituição é referência no cuidado com onças há 20 anos e recebeu o animal do Pantanal a pedido de técnicos do governo.
Diante de críticas sobre a possível participação do presidente e do ministro no ato de reinserção, a entidade emitiu uma nota de esclarecimento para dizer que não é proprietária da onça e não é capaz de definir como, quando e onde será a soltura.
"Avisamos os órgãos competentes sobre a alta, solicitamos a reintrodução na natureza o quanto antes e só. O que acontece a partir daí não nos compete", diz trecho do comunicado.