O avião Solar Impulse, uma aeronave experimental que foi pilotada de forma alternada por dois aventureiros suíços, aterrissou na noite de sábado em Nova York, colocando fim a uma longa viagem que começou em maio passado e que o levou a cruzar os Estados Unidos de costa a costa.
A aeronave pousou no aeroporto John F. Kennedy de Nova York às 23h11 locais (3h11 GMT; 0h11 de Brasília), antes de seu horário previsto depois que foi detectada uma rachadura de 2,5 metros na tela que cobre a parte baixa de sua asa esquerda.
O piloto Andre Borschberg se encontrou no aeroporto com seu compatriota Bertrand Piccard e os dois posaram juntos de maneira triunfal para os fotógrafos. Os dois pilotos se revezaram para voar na gigantesca aeronave através de todo o território americano, de oeste a leste.
O avião impulsionado por energia solar decolou pouco antes do amanhecer de sábado do aeroporto internacional Dulles de Washington para realizar sua última etapa.
"Estou muito feliz por estar aqui", disse Borschberg aos jornalistas após o pouso. "Cada momento é uma descoberta, uma exploração. Não se trata apenas de tecnologia, mas sobre o que isto representa", disse. "Acreditava-se que este seria o trecho mais curto e fácil da travessia", disse Piccard, "mas acabou sendo o mais difícil".
Piccard afirmou que tinham sentimentos parecidos ao concluir sua longa viagem. "Normalmente a pessoa se sente um pouco triste e nostálgica, mas nos sentimos aliviados (de chegar) depois de sofrer este problema na asa", acrescentou.
A viagem de costa a costa realizada pelo avião solar começou no dia 3 de maio perto de São Francisco (Califórnia). A aeronave continuou seu périplo aterrissando em dias posteriores em Phoenix (Arizona), Dallas/Fort Worth (Texas), St. Louis (Missouri), Cincinnati (Ohio), na capital Washington e finalmente em Nova York.
O Impulse é um avião de fibra de carbono, de 1.600 quilos de peso e de uma envergadura de 63,4 metros, equivalente à de um Boeing 747.
A aeronave funciona com 12 mil células fotovoltaicas capazes de produzir eletricidade suficiente para recarregar sua bateria de lítio de 400 quilos, necessária para alimentar quatro motores elétricos com hélice de 10 cavalos de força cada um, tanto de dia quanto de noite.
Voar acima da ponte Golden Gate, no início do périplo, é uma das melhores lembranças de viagem para Piccard, enquanto para Borschberg a aventura esteve marcada por episódios mais perigosos, como quando o vento se tornou um obstáculo para o bom funcionamento do avião.
A travessia dos Estados Unidos foi "mais difícil que o previsto devido ao tempo: ocorreram muitos tornados, tempestades, razão pela qual muitos de nossos voos foram adiados ou atrasados", acrescentou. "Apesar de tudo continua sendo um grande sucesso", disse.
O objetivo da viagem é a promoção de tecnologias que utilizam energias renováveis. "Nosso objetivo não é apenas cruzar os Estados Unidos, este projeto deve ser útil para a sociedade, para mostrar às pessoas como o mundo pode ser eficaz com a utilização de tecnologias limpas", explicou o suíço.
Em cada escala, o avião ficou em exibição entre uma semana e dez dias, para que os interessados pudessem vê-lo e falar com os pilotos. Os dois pilotos planejam agora uma volta ao mundo em 2015 com uma versão melhorada da aeronave.