O presidente Jair Bolsonaro defendeu nesta terça-feira, 10, o País ter suas Forças Armadas "preparadas" para proteger a Amazônia de interesses internacionais. Como revelou na segunda o Estadão, em documentos internos do Conselho da Amazônia Legal, o governo atribui à China interesse nos recursos naturais da região, especialmente a água.
"Para (Amazônia) ser nossa tem que ter uma Forças Armadas preparada. É igual você ter uma riqueza. Se não tiver segurança, você vai perder essa riqueza", afirmou o presidente no Palácio da Alvorada, após ser questionado por um apoiador sobre qual mensagem gostaria de dar ao mundo sobre a Amazônia.
O documento do Conselho da Amazônia, órgão comandado pelo vice-presidente, Hamilton Mourão, ressalta que, na crise global da água, a situação já é crítica na República Popular da China, na Índia, no México e na região do Chifre da África - que abrange Somália, Etiópia, Eritreia e Djibouti. Nesses países, segundo o governo, os lençóis freáticos registram queda de um metro por ano, acima da taxa natural de reposição, o que aponta grave crise em 20 a 25 anos.
Como o Estadão revelou nesta segunda-feira, o conselho traçou objetivos para a região da Amazônia. Entre eles, a criação de um "marco regulatório" para controlar as Organizações Não-Governamentais (ONGs) que atuam na região. Segundo documentos entregues a membros do conselho, a meta é impedir a atuação na floresta de ONGs que não atendam aos "interesses nacionais".
Na sua conversa com apoiadores na manhã desta terça, Bolsonaro também criticou a atuação de entidades. "As ongs continuam a vontade na Amazônia. Querem que eu vá lá e tire na unha os caras?", afirmou, em resposta a um apoiador que pediu ajuda para garimpeiros.
Ao falar no Alvorada, o presidente não tratou da suspensão da vacina chinesa, a Coronavac, a qual, em uma rede social, atribui casos de mortes, anomalias e invalidez, mesmo sem apresentar qualquer prova. Os testes com o imunizante produzido em parceria com o Instituto Butantã, ligado ao governo de São Paulo, se tornou alvo de disputa política entre o presidente e o governador paulista, João Doria, seu adversário político.
Pelo terceiro dia consecutivo, Bolsonaro também silenciou sobre a vitória eleitoral de Joe Biden nos Estados Unidos. O presidente brasileiro é um dos poucos líderes no mundo a não parabenizar o democrata, que derrotou Donald Trump, atual presidente e aliado de Bolsonaro. O americano judicializou a disputa e ainda não admitiu ter perdido a reeleição.