Recebido sob aplausos, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pediu durante seu discurso na COP-27 na tarde desta quarta-feira, 16, que o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) amplie a participação de países e acabe com o "privilégio do veto" garantido apenas aos cinco membros permanentes. Segundo o petista, a medida é fundamental para a "efetiva promoção da paz e do equilíbrio".
"A ONU precisa avançar, não é possível que seja dirigida sob a mesma ótica geopolítica da Segunda Guerra mundial. O mundo de hoje não é o mesmo de 1945. É preciso incluir mais países no Conselho de Segurança da ONU e acabar com o privilégio do veto, hoje restrito a alguns poucos, para a efetiva promoção do equilíbrio e da paz", disse Lula, propondo uma "nova governança global".
A função do Conselho de Segurança da ONU, pelo menos no papel, é promover a paz mundial, a segurança internacional e o desenvolvimento humano através de articulações políticas entre os países.
Ele é considerado um dos principais órgãos das Nações Unidas, formado por 15 nações com direito a voto. Destas, cinco têm cadeira permanente no grupo e poder de veto: Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, China e Rússia.
O Brasil voltou a integrar o Conselho de Segurança da ONU com um assento temporário para o biênio de 2022-2023. A última vez que o País integrou o grupo foi no biênio 2010-2011.
Em seu discurso nesta quarta, Lula reforçou a ideia de que "não existem dois planetas Terra", em aceno ao seu discurso de vitória nas eleições, quando afirmou que "não existem dois Brasis". "Somos uma única espécie, chamada Humanidade, e não haverá futuro enquanto continuarmos cavando um poço sem fundo de desigualdades entre ricos e pobres", disse.
O presidente eleito também foi incisivo no combate ao clima e pediu "mais confiança e determinação" na liberação de recursos para que os país mais pobres "possam enfrentar as consequências de um problema criado em grande medida pelos países mais ricos": "Precisamos de mais liderança para reverter a escalada do aquecimento. Os acordos já finalizados têm que sair do papel".
"Precisamos de mais empatia uns com os outros. Precisamos construir confiança entre nossos povos. Precisamos nos superar e ir além dos nossos interesses nacionais imediatos, para que sejamos capazes de tecer coletivamente uma nova ordem internacional, que reflita as necessidades do presente e nossas aspirações de futuro", disse Lula, afirmando que o compromisso do Brasil será "com a construção de um mundo mais justo e solidário" e "uma ordem mundial pacífica, assentada no diálogo, no multilateralismo e na multipolaridade".