Na tentativa de minimizar sua ausência na Conferência do Clima da ONU (COP-26), o presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira que a ativista brasileira Txai Suruí foi levada ao evento para "atacar o Brasil". "Estão reclamando que não fui para Glasgow. Levaram uma índia para lá substituir o [Cacique] Raoni e atacar o Brasil", declarou o presidente a apoiadores em frente ao Palácio do Planalto.
Bolsonaro decidiu não comparecer à COP-26, onde se reúnem nesta semana os mais importantes líderes do globo para discutir as mudanças climáticas - um tema delicado para o governo, criticado internacionalmente por sua política ambiental. O chefe da delegação brasileira na cúpula é o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite.
Na abertura da COP, Txai fez um discurso enfático em defesa da preservação da Amazônia e alertou sobre a importância de se ouvir os povos indígenas.
"Alguém viu algum alemão atacando a energia fóssil da Alemanha? Alguém já viu atacando a França porque lá a legislação ambiental não é nada perto da nossa? Ninguém critica o próprio país. Alguém já viu americano criticando as queimadas lá no estado da Califórnia? É só aqui, só aqui", disse o presidente, em defesa do governo.
Após confundir o enviado especial dos Estados Unidos para questões climáticas, John Kerry, com o ator e comediante americano Jim Carrey, Bolsonaro fez nova confusão com nomes nesta quarta-feira: chamou o senador italiano de extrema-direita Matteo Salvini, com quem se encontrou ontem, de "Salvati".
Durante a conversa com os apoiadores, o presidente ainda minimizou a morte de um opositor com quem teria conversado na Itália. "Um cara, de quarenta anos de idade, disse: 'a história vai te condenar'", relatou o chefe do Executivo, que teria perguntado qual o motivo da afirmação. "Você matou meu avô", teria respondido o opositor. "'Pô cara, não sabia. Desculpa. Foi bala perdida?' 'Não, covid'", acrescentou o presidente, sobre a conversa. "Se tinha quarenta anos de idade, o avô dele tinha uns 80, grupo de risco", finalizou Bolsonaro.