Mais um militar deve entrar em uma área de comando de órgãos federais ligados ao setor de meio ambiente. O Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo), divisão do Ibama que cuida de combate a incêndios, deve ser comandado por Antônio Pedro Diel Bastos de Souza.
Capitão do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal, Souza teve a sua liberação para o cargo publicada em Diário Oficial do DF no dia 17 de agosto, para que assuma a área do Ibama. A escolha de seu nome, conforme apurou o Estadão, foi feita por outro militar que está no órgão federal desde abril, o diretor de Proteção Ambiental do Ibama e coronel da Polícia Militar de São Paulo, Olímpio Ferreira Magalhães. Olímpio chegou ao posto por escolha do ministro do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.
A mudança no comando do Prevfogo ocorre em meio à temporada de queimadas recordes na Amazônia e no Pantanal. A divisão do Ibama, até agora, era comandada por Gabriel Constantino Zacharias, que é analista ambiental e servidor de carreira do Ibama.
Enquanto as queimadas batem recorde, o governo tem mexido em cargos. Na semana passada, Ricardo Salles exonerou o coronel Homero de Giorge Cerqueira da presidência do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
O desgaste entre ele o ministro já ocorria havia alguns meses. Salles se incomodava com sua exposição, vista por ele como "excessiva", e acabou por demiti-lo, depois de ouvir reclamações de produtores rurais no Pantanal, que criticaram a atuação do ICMBio na região. Cerqueira deixou o cargo atacando o ministro. "É com espanto e indignação que fui informado de minha exoneração do cargo de presidente do ICMBio", escreveu o coronel, em mensagem enviada por Whatsapp a amigos. "Nunca pedi para ocupar este cargo e aceitei o convite como um desafio, não pedi para sair, fui surpreendido. Foi uma missão dada é cumprida com o melhor de mim", afirmou.
As queimadas que atingem o Pantanal desde julho, já alcançaram, em apenas 15 dias, quase o dobro do número de focos registrados em todo o mês de agosto no ano passado. Entre o dia 1º e 15 deste agosto, o bioma que se estende pelo Mato Grosso e Mato Grosso do Sul teve 3.121 focos, ante 1.690 focos observados em todo agosto de 2019. Ao longo do ano, já foram registrados 7.339 focos, alta de 131% em relação ao registrado nos primeiros oito meses do ano passado.
Agosto de 2019 (assim como praticamente todo o ano passado) já havia sido particularmente quente no Pantanal, com o maior número de focos desde 2012. Em apenas 15 dias, agosto deste ano, porém, já tem o maior número de queimadas desde 2005, quando houve 5.993 focos ao longo de todo o mês, de acordo com dados captados pelo Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Aquele foi o maior valor histórico de queimadas para o bioma em um único mês. No ritmo apresentado até agora, este mês pode passar a ocupar esse lugar.
Nota técnica do Instituto de Pesquisas Ambientais da Amazônia divulgada no começo do mês revelou que 30% do fogo registrado na Amazônia ao longo do ano passado foi de incêndio florestal. Outros 36% estão associados ao manejo agropecuário e os demais 34%, a desmatamentos recentes. Neste mês, em 18 dias, já foram registrados 18.343 focos no bioma. Em agosto de 2019, esta marca foi alcançada mais ou menos na metade do mês e ao final agosto fechou com 30.900 focos, o pior desde 2007.