Um projeto de monitoramento dos biomas brasileiros que sofrem com o desmatamento foi retomado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) nesta semana, após três anos de interrupção. A partir de dados de satélite, o instituto volta a registrar os desmatamentos de áreas com vegetação nativa para detectar novos focos de atividades ilegais e promover a fiscalização. A notícia surge em uma semana importante para a preservação do meio ambiente: o Dia Nacional da Terra e o Dia Mundial da Floresta são comemorados nesta quinta-feira, e o Dia Mundial da Água é celebrado amanhã.
O Projeto de Monitoramento do Desmatamento dos Biomas Brasileiros por Satélite (PMDBBS) mapeia todos os biomas do País (caatinga, cerrado, mata atlântica, pampa e pantanal) - com exceção da Amazônia, cujo monitoramento é feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O objetivo é fornecer ao governo federal dados que permitam mais eficiência nas ações de conservação da biodiversidade brasileira e, assim, reduzir a degradação florestal.
O programa estava parado desde 2010, quando chegou ao fim a parceria mantida entre o Ibama e o Banco Mundial. O instituto decidiu, então, investir recursos próprios na iniciativa, e assim garantir sua atividade pelos próximos quatro anos. O investimento total previsto para esse período é de R$ 7,2 milhões. A partir de 2017, a expectativa é que o Ibama mantenha o projeto ativo de maneira intermitente, em conjunto com o Inpe e utilizando recursos da União.
"Estamos correndo atrás do prejuízo. Neste ano, há o compromisso de que todos os biomas sejam monitorados a partir de 2010, quando o projeto foi interrompido porque estava sendo feito com recursos do Banco Mundial, que tinham prazo para terminar", afirmou o chefe do Centro de Sensoriamento Remoto do Ibama, Edson Sano, em entrevista por telefone ao Terra. "No ano que vem, devemos fechar os dados referentes a 2011 e 2012", disse Sano. A partir de 2014, o monitoramento deve voltar a ser feito ano a ano, dentro da defasagem imposta pelo satélite.
O orçamento de R$ 1,8 milhão por ano foi aprovado em março, e a equipe de técnicos responsável pelo monitoramento começou a trabalhar na segunda-feira, segundo o Ibama. Os profissionais já faziam essa função em 2010, porém desta vez foram contratados pelo próprio instituto. Uma empresa terceirizada fica responsável pelos serviços, enquanto o Ibama fica responsável pelo supervisionamento. A mesma infraestrutura do Centro de Sensoriamento Remoto voltou a ser aproveitada no projeto neste ano.
O trabalho retroativo será feito sem interrupção. "Quando terminamos (de mapear) um bioma, já passamos para o outro. Ao final de cada ano será divulgado um mapeamento", garantiu Edson Sano. Em 2010, apenas o cerrado teve sua cobertura florestal registrada pelo Ibama; os demais biomas terão de ser revisitados desde 2009: trabalho que só deve ser concluído no ano que vem.