A descarbonização da logística será tema da Intermodal South America 2025, em São Paulo, com foco em soluções sustentáveis e redução de emissões de carbono no setor de transporte.

“O caminho verde não é o mais fácil, nem o mais barato. Se não custasse mais, nós não teríamos uma discussão sobre o que é ser sustentável do ponto de vista ambiental, não falaríamos de investimentos para sermos mais sustentáveis. Seríamos pura e simplesmente verdes em vez de cinzentos”, argumenta Luís Marques, CEO Brasil & Argentina da DB Schenker, uma das empresas que participam, no final de abril, na capital paulista, da Intermodal South America 2025, o maior evento dos setores de Logística e Comércio Exterior.
A descarbonização da cadeia logística será um dos assuntos abordados no encontro que deve reunir mais de 46 mil visitantes e cerca de 500 marcas, nacionais e internacionais, apresentando soluções de ponta a ponta. A dependência histórica de combustíveis fósseis, como diesel e gasolina, tem sido um dos principais entraves na adoção de um transporte mais sustentável. Estima-se que 40% das emissões do setor sejam do transporte de cargas (aéreo e marítimo) e 60% do transporte de passageiros.
O executivo diz que a empresa reduziu em 10 anos o compromisso de neutralizar suas emissões de carbono, antecipando a meta de 2050 para 2040. Para isso, tem expandido o portfólio de soluções logísticas, investido em armazéns sustentáveis, eletrificação da frota, adoção de carretas com capacidade de geração própria de energia, além de ampliar a oferta de biocombustível certificado, tanto para transporte marítimo como para o aéreo. Em março, a Schenker fechou um acordo com a Mercedes-Benz para o fornecimento de 13.000 toneladas de Combustível de Aviação Sustentável, o SAF (Sustainable Aviation Fuel). É o maior pedido do gênero já realizado por um cliente da empresa de logística.
A medida resultará na redução de 40.000 toneladas de emissões globais de CO₂. O biocombustível será utilizado nos embarques de cargas de Frankfurt para Pequim e Xangai, contribuindo com a estratégia de descarbonização da fabricante de automóveis. “Estamos preparados e queremos ser parte relevante da descarbonização da indústria, oferecendo soluções logísticas que permitam a redução do impacto ambiental. Além disso, é um compromisso da empresa disseminar essa prática entre os clientes, fornecedores e parceiros”, afirma Luís Marques.
O estabelecimento de padrões mais sustentáveis no setor logístico também será tema da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP30, que ocorrerá em Belém (Pará) em novembro. É a oportunidade de o Brasil reafirmar sua liderança na agenda ambiental, dando continuidade ao papel de destaque que desempenhou na Eco-92 e na Rio+20. Embora existam caminhos diferentes que possam ser tomados, há um consenso no setor: não há solução pronta ou bala de prata para resolver a questão das emissões de GEE no transporte de maneira geral. São vários os desafios tecnológicos e econômicos, que precisam ser enfrentados por meio de ações reais e concretas.