A proporção da população com acesso à água potável melhorada, sem risco de contaminação, e a instalações sanitárias decentes aumentou drasticamente, mas o avanço ocorreu em detrimento dos mais pobres, informou a ONU nesta quinta-feira.
O acesso a estas fontes confiáveis e a melhores condições de saneamento são a chave para a luta contra doenças como cólera, diarreia, disenteria, hepatite A e febre tifoide.
"Trata-se realmente do tema de excrementos, fezes, cocô, também posso dizer merda. É a causa de origem de tantas doenças", declarou Bruce Gordon, coordenador da divisão de água e saneamento da Organização Mundial da Saúde (OMS).
A diarreia provocada por problemas de acesso à água e a condições de saneamento dignas matam a cada ano 842.000 pessoas, acrescentou.
Em seu relatório sobre os esforços para melhorar a água potável e as instalações de saneamento, OMS e Unicef (Fundo Mundial das Nações Unidas para a Infância) destacam que 89% da população mundial tinha acesso a fontes de água melhoradas no final de 2012, 13% a mais que há duas décadas.
No vocabulário da ONU, as fontes de água potável melhoradas são as que protegem as fontes de contaminação, entre outros elementos, de fezes.
Mas apesar dos progressos, 748 milhões de pessoas continuam recorrendo a fontes de águas não melhoradas.
Segundo o estudo, a maioria vive em áreas rurais.
O informe também examina o acesso a instalações sanitárias melhoradas, que separam os excrementos humanos do contato humano.
No final de 2012, 64% da população mundial utilizava este instalação, um crescimento 15 pontos percentuais desde 1990.
A falta de acesso a instalações sanitárias decentes leva a que mais de um bilhão de pessoas em todo o mundo façam suas necessidades ao ar livre, incluídas 600 milhões de pessoas só na Índia, destacou o estudo.
A defecação ao ar livre - que segundo o relatório se deve à falta de acesso a sanitários, mas também a uma questão de aceitação cultural - pode socavar os esforços para melhorar o acesso à água potável.
Diminuir o número de pessoas sem acesso a estas fontes de água e instalações sanitárias melhoradas é um dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, fixados para 2015 pela comunidade internacional.
A brecha no acesso a fontes de água melhoradas e a melhores instalações sanitárias entre as zonas urbanas - onde mora mais da metade da população mundial - e as zonas rurais diminuiu enormemente.
Em 1990, apenas 62% dos moradores do campo tinham acesso a fontes de água melhoradas, contra 95% nas áreas urbanas. Em 2012, os percentuais eram, respectivamente, de 82% e 92%.
Na frente das instalações sanitárias, a proporção de habitantes urbanos com acesso a instalações melhoradas aumentou quatro pontos neste período, até 80%.
Também cresceu consideravelmente nas zonas rurais, onde disparou de 28% para 47%.
Mas este aumento esconde grandes disparidades, como destacou a chefe de saúde pública da OMS, Maria Neira.
"Os avanços de saneamento nas áreas rurais, onde ocorreram, beneficiaram principalmente os mais ricos e aumentaram as desigualdades", disse.
Também há grandes diferenças no acesso dentro das cidades, onde os pobres são prejudicados.