O professor da Universidade de Harvard Stephen M. Walt, que escreveu um artigo intitulado "Quem vai invadir o Brasil para salvar a Amazônia?", publicado na revista americana Foreign Policy, negou ao Estado que tenha sugerido uma invasão de fato ao território brasileiro. À noite, o título do material foi alterado para "Quem vai salvar a Amazônia (e como)?"
"Quero enfatizar que eu não estava recomendando uma ameaça ou o uso da força contra o Brasil. E eu disse isso explicitamente no meu artigo. Também deixei claro que países como China e Estados Unidos são ainda mais responsáveis pelas mudanças climáticas", declarou.
O texto ressalta que 60% da Amazônia pertence ao Brasil e afirma que as políticas do presidente Jair Bolsonaro têm colocado em risco a maior floresta tropical do mundo, responsável por grande parte da absorção de carbono do planeta. Outro ponto levantado é como líderes mundiais, da União Europeia (UE) à Organização das Nações Unidas (ONU), têm colocado o combate à degradação ambiental no topo de suas prioridades nos últimos anos.
"Meu ponto principal foi destacar a tensão entre a norma de soberania, ou seja, a ideia de que países individuais podem decidir o que acontece dentro de suas fronteiras, com a realidade de que algumas vezes essas atividades prejudicam outros Estados e, portanto, levam a conflitos. Problemas semelhantes surgem com a chuva ácida, o represamento dos rios que prejudicam os países a jusante e muitos outros fenômenos. Mas o aquecimento global é único em seu escopo e importância", acrescentou o professor.
Ele vê um risco crescente de conflitos, mas diz esperar um esforço internacional contra o perigo. "Minha intenção era destacar o potencial de problemas futuros. Se o Brasil, os Estados Unidos ou outros países agem de maneira a piorar esse problema, temo que o perigo de conflito aumente. Espero que isso não ocorra, no entanto, e que a comunidade internacional faça um esforço sério e bem-sucedido para enfrentar um perigo que ameaça todos nós."
Walt também afirmou que sua intenção não era reforçar o discurso de que dados do desmatamento prejudicam a imagem do País no exterior. "E categoricamente me oponho a usar isso para justificar que potências estrangeiras que tentam assumir o controle do território brasileiro", afirmou.