O secretário especial de Assuntos Fundiários do Ministério da Agricultura, Luiz Antônio Nabhan Garcia, voltou a criticar a atuação de organizações não governamentais que atuam em ações socioambientais no Brasil. Em audiência na Câmara, Nabhan disse que o Brasil é vigiado de perto por ONGs que, segundo ele, teriam "interesses escusos" no País. Questionado sobre quais organizações se referia, o secretário não mencionou nenhum nome.
"O Brasil precisa fazer uma nova colonização agrária. Nós precisamos passar tudo a limpo, essas ONGs que têm interesses escusos com o Brasil, que têm interesses geopolíticos no Brasil, querendo estagnar o Brasil. Isso a gente não aceita", comentou, durante exposição na Comissão de Meio Ambiente do Senado.
Em linha com o presidente Jair Bolsonaro, do qual é amigo pessoal, Nabhan disse que as queimadas na Amazônia são feitas por grileiros, madeireiros e garimpeiros, mas que também há ações de fazendeiros e indígenas que, todos os anos, segundo o secretário fazem suas queimadas em épocas de seca.
"É um costume deles, dos indígenas, é uma prática. Todos os anos, a própria comunidade indígena usa essa prática de queimada, para que se venha o capim novo", disse. "Precisa ter a responsabilidade de não colocar todo mundo na mesma vala. São mais de 20 milhões de pessoas na Amazônia Legal. O produtor não pode ser confundido com grileiro, garimpeiro e madeireiro ilegal."
O secretário afirmou que, no Mato Grosso do Sul, há atualmente 144 propriedades invadidas, das quais 92 são propriedades particulares sem contato com terras indígenas.
O presidente da Comissão de Meio Ambiente (CMA), senador Fabiano Contarato (Rede-ES), criticou as afirmações do secretário sobre as origens dos incêndios relacionadas aos povos indígenas. "Estamos aqui denunciando o desmonte total da área de meio ambiente pelo governo. É preciso lembrar que o governo, inicialmente, tentou inclusive acabar com o Ministério do Meio Ambiente", comentou.
Contarato disse que tentou, por seis vezes, confirmar a presença de um representante do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio) na audiência, mas ninguém apareceu. O Congresso, em vez de convidar servidores para prestar esclarecimentos, também tem a prerrogativa de convocar quem julgue necessário, o que torna a presença obrigatória.
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