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Gabriel Fonseca, produtor rural da cidade de São Simão, no interior de São Paulo, foi afetado pelas queimadas que causaram estrago no Estado, como pico na última semana. Em entrevista ao Terra Agora, nesta quinta-feira, 29, ele contou sobre a situação – que classificou como algo sem precedentes: “Nós vimos realmente a terra arder, nós vimos realmente tudo que a gente construiu se dissipar com o fogo de uma forma que ele humilha você, humilha sua reação e sua lógica de ter que fazer alguma coisa, mas não poder... de não tem como resolver”.
Gabriel tem 40 anos e mora na fazenda há 10 anos. O fogo começou na sexta-feira passada, dia 23. Ele imaginava que o fogo não chegaria até ele. Mas o fogo chegou neles no sábado, dia 24. Por mais que sua família já tivesse tido contato com incêndios, nunca foi algo na proporção que atingiu a região desta vez.
Ele conta que sua fazenda tem uma estrutura média e que ele toca um projeto ambiental que envolve readaptação de fauna. Quando o fogo começou a tomar conta da área, viram que não dava pra apagar. “É juntar a criação e pedir adeus. E, infelizmente, põe a viola no saco e sai andando. Não tem... Você fica impotente com essa situação”, desabafou.
“Eu vi passarinho em voo cair no meio da chama, que a fumaça afoga ele e ele desaba. Eu vi famílias de macaquinhos nas áreas de reserva nossa, de APP [Área de Preservação Permanente], gritar e simplesmente morrer no fogo. É uma situação que a gente realmente fica assim… O povo, você vai fazer o quê? A gente reconstrói o material, a gente faz a cerca, a gente compra uma picadeira nova que queimou, a gente arruma o curral que queimou. Mas o restante da natureza, todo esse impacto ambiental, parte de reserva, que a vida inteira ela tentou se recuperar?”, explicou o agricultor, abalado.
A situação também fez com que Gabriel se intoxicasse com a fumaça, devido a inalação de fumaça densa. Ele conta que sua voz ainda está diferente e que chegou a ter que ir para o hospital por estar com muita falta de ar.
Queimadas de agosto
São Paulo enfrenta o pior mês de agosto em números de focos de queimadas desde 1998 segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), ano em que a medição iniciou.
Cidades de São Paulo enfrentaram o fogo no último final de semana. No total, 48 municípios ficaram em alerta máximo, conforme informações do governo do estado. Funcionários do Ibama se reuniram em Brasília com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, para anunciar novas medidas.
O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) estimou que os prejuízos causados pelas queimadas em São Paulo ultrapassem o montante de R$ 1 bilhão.
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