Como forma de homenagear este importantíssimo escritor e poeta, vamos conferir um pouco sobre sua vida, relembrando algumas de suas principais obras, que transcendem as fronteiras da literatura.
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Nascido em 16/11/1922, na pequena aldeia de Azinhaga, no Ribatejo, Portugal, Saramago foi criado em uma família humilde de camponeses, o que fez com que, desde cedo, enfrentasse as dificuldades econômicas e tivesse que interromper seus estudos.(Imagem ilustrativa)
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Passou por várias profissões ao longo de sua vida, sendo serralheiro mecânico, desenhista, editor, jornalista e funcionário público, entre outras atividades.
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Durante esses anos, sua relação com a literatura foi apenas um reflexo das suas inquietações internas, até que, em 1976, tomou a decisão de viver exclusivamente da escrita.
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Antes disso, havia publicado seu primeiro livro em 1947, "Terra do Pecado" (inicialmente intitulado "A Viúva"), mas a carreira literária de Saramago só ganharia força de fato na década de 1980, quando ele se tornaria um nome consagrado da literatura mundial.
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Falando um pouco sobre suas características, sua escrita é marcada pela ousadia estilística. Ele se distanciou da pontuação convencional, o que pode causar estranhamento a quem não está acostumado ao seu estilo, mas ao mesmo tempo oferece uma leitura mais fluida.
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Ele frequentemente usava longos parágrafos sem pontuação tradicional, excluindo travessões e optando por uma estrutura de frases que mesclava discurso direto com reflexões do narrador.
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Esse estilo foi particularmente notável em obras como "Memorial do Convento" (1982) e "Ensaio sobre a cegueira" (1995), que são dois dos seus romances mais emblemáticos.
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A mistura de personagens reais e fictícios também é uma marca de sua escrita, como em "A Viagem do Elefante" (2008), em que ele narra, com humor e crítica, a jornada de um elefante do século XVI, abordando temas históricos e políticos através da ficção.
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A crítica social e política permeia quase toda a sua obra, refletindo seu engajamento com as questões de seu tempo. Saramago foi um comunista declarado, e seus textos frequentemente abordam a opressão, a desigualdade e as falhas das instituições sociais e políticas.
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A crítica religiosa em suas obras é um dos pontos que mais lhe causaram controvérsias, diga-se. Seu romance "O Evangelho Segundo Jesus Cristo" (1991), por exemplo, foi censurado pelo governo português.
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O livro causou grande repercussão por retratar Jesus Cristo de uma forma mais humana, com falhas e fraquezas, o que incomodou profundamente os setores religiosos.
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Como consequência, ele e sua esposa, Pilar Del Río, se exilaram em Lanzarote (na Espanha), onde viveriam o restante de suas vidas.
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Saramago foi um defensor do protagonismo humano e da solidariedade como solução para os problemas sociais, muitas vezes oferecendo um olhar crítico sobre o individualismo e a passividade.
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Entre seus livros mais célebres, "Ensaio sobre a cegueira" se destaca. A obra, que foi adaptada para o cinema, narra uma epidemia de cegueira súbita que atinge toda a população de uma cidade e leva a sociedade ao colapso.
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A cegueira, nesse contexto, é uma metáfora para a perda de humanidade e para a falta de visão crítica da sociedade. A obra recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1998, destacando a relevância internacional de Saramago.
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Sua capacidade de combinar o realismo com o fantástico, de forma a ilustrar as distorções da realidade e da condição humana, foi um dos elementos que lhe garantiu reconhecimento mundial.
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Ele acreditava que o escritor não deveria apenas criar histórias, mas também questionar e provocar reflexões sobre o mundo. Para ele, a escrita não era apenas um processo de construção estética, mas uma forma de "ver" e "reparar" a realidade.
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Ele dizia: "Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara." Essa frase reflete sua postura diante da literatura e da vida, pois ele acreditava que o verdadeiro escritor deveria ser um observador atento da realidade e um crítico incansável das injustiças.
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Sua obra é profunda e multifacetada, abrangendo desde a crítica política e social até a exploração das complexidades da condição humana. Saramago sempre utilizou a literatura como uma ferramenta de reflexão sobre o papel do indivíduo na sociedade, questionando instituições e normas.
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Seu estilo inconfundível, suas convicções políticas e seu olhar perspicaz sobre a humanidade fizeram dele um dos maiores escritores da literatura contemporânea. Como ele próprio afirmou: "Utilizo o romance como veículo para a reflexão."
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Ao longo de sua vida, José Saramago não apenas se tornou um ícone da literatura portuguesa, mas também uma figura respeitada no cenário literário global. Seu legado continua a inspirar escritores, leitores e pensadores.
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Suas obras permanecem atuais, desafiando as convenções e provocando reflexões sobre o mundo em que vivemos.
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A criação da Fundação José Saramago, em 2007, foi uma das maneiras pelas quais ele consolidou seu legado, permitindo que sua obra e suas ideias continuassem a influenciar futuras gerações.
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Em 18 de junho de 2010, Saramago faleceu de leucemia, mas sua contribuição para a literatura e para o pensamento crítico permanece viva.
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