11 fatos sobre Nossa Senhora Aparecida, a santa negra do Brasil

Negritude da padroeira do país foi exaltada por devotos

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Celebração

Hoje, 12 de outubro, é feriado nacional em comemoração ao Dia de Nossa Senhora Aparecida, a padroeira do Brasil. Anualmente, milhares de romeiros vindos de todas as partes do país visitam o Santuário Nacional de Aparecida, na cidade de mesmo nome em SP, nesta data.

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História

A imagem quebrada da santa teria sido encontrada por três pescadores em 1717 nas águas do Rio Paraíba do Sul, no interior de São Paulo. A aparição no rio fez com que recebesse o nome de Aparecida e as redes dos homens teriam se enchido de peixes, o que foi considerado seu primeiro milagre.

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Tom de pele

Segundo pesquisadores, é possível que a imagem não fosse de uma santa negra, mas uma representação de Nossa Senhora da Conceição, que é branca. Ela teria escurecido após ficar muito tempo submersa no rio.

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Fumaça

Outra hipótese atribui a cor preta à fumaça das velas do oratório onde ela possivelmente estava. A imagem também recebeu um altar na casa de um dos pescadores, onde ficou até ser transferida para uma nova capela em 1745. Seja qual for a origem, Nossa Senhora Aparecida ficou mesmo conhecida como uma mulher negra.

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Representatividade

Nossa Senhora Aparecida se tornou também um símbolo de libertação e acolhimento para as pessoas negras, principalmente as escravizadas. É válido lembrar que a escravidão durou por mais de um século após o resgate da imagem no rio.

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Religiões afro

Em liturgias afro, a santa recebe títulos como "Mãe Quilombola" e "Mãe Negra Aparecida". Na Umbanda e no Candomblé, Nossa Senhora Aparecida é associada a Oxum, o orixá feminino das águas doces e rainha dos rios e das cachoeiras.

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Questão identitária

A santa foi coroada Rainha e Padroeira do Brasil em 1930. Segundo o historiador Lourival dos Santos, autor do livro "O enegrecimento da Padroeira do Brasil", isso ocorreu em paralelo à valorização, na época, de manifestações culturais negras (samba, capoeira e feijoada, por exemplo), como parte da identidade nacional.

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Negritude

Até 1981, as canções religiosas não citavam a suposta negritude da Aparecida. Com o início da Teologia da Libertação, movimento religioso em prol dos oprimidos, a Padroeira enegreceu definitivamente nos cânticos e invocações.

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Escravo liberto

Entre as histórias de milagres concedidos pela santa, há o relato da libertação de um escravizado chamado Zacarias. Capturado após fugir, ele parou para rezar diante da imagem da santa e seus grilhões teriam se quebrado, o soltando.

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Nossa Senhora

Na Igreja Católica, o conceito de "Nossa Senhora" se refere à Maria, mãe de Jesus. Assim, todas as "Nossas Senhoras" são manifestações da mãe de Jesus Cristo e podem se referir a lugares (Fátima, Carmo ou Aparecida) ou a atos específicos (saúde, bom parto ou desatadora dos nós).

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Ataques

A imagem original foi quebrada por um evangélico em 1978 e posteriormente restaurada. Em 1995, um pastor da Rede Record chutou uma réplica ao vivo e causou comoção nacional. Já em 2017, Agenor Duque, líder da Igreja Apostólica Plenitude do Trono de Deus, zombou de forma velada da cor da santa, comparando-a à da Coca-Cola.

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