Como o aborto é tratado em novelas e séries brasileiras?

Ética e questões sociais permeiam o modo como a ficção na TV aborda o tema

Foto: Reprodução/TV Globo

Pioneirismo

Na icônica série feminista "Malu Mulher" (1979-1980), todos os aspectos sociais que envolvem o aborto são discutidos em conversas da protagonista (Regina Duarte) e Jô (Lucélia Santos): valores morais e religiosos, descriminalização, ilegalidade, direitos reprodutivos e questões sociais.

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Crítica ao sistema

Rita (Nanda Costa) engravidou na adolescência e é mãe de três filhos na série "Segunda Chamada" (GloboPlay). Enquanto enfrenta uma longa espera para fazer uma laqueadura pelo SUS, fica grávida de novo e decide abortar. Porém, o procedimento clandestino tem graves complicações e ela morre.

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Decisão pessoal

Na novela "Bom Sucesso" (2019), Nana (Fabíula Nascimento) engravida sem desejar e pensa em abortar. O enredo fez com que ela ouvisse pessoas com realidades e vivências diferentes e concluísse que, mesmo optando por ter o filho, abortar ou não é uma decisão que cabe unicamente à mulher.

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Discussão ética

Em "Malhação - Toda Forma de Amar" (2019), a ginecologista Lígia (Paloma Duarte) socorre uma jovem com o útero perfurado por causa de um aborto clandestino e decide não denunciá-la para não infligir a ética médica.

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E o parceiro?

Na novela "Topíssima" (Record), Jandira (Brenda Sabryna) engravida e é pressionada pelo parceiro, Vítor (Vitor Novello), a fazer um aborto numa clínica clandestina e morre na mesa de cirurgia. Ao final da trama, que virou alvo de protestos, o rapaz é condenado à prisão por participação em crime de aborto.

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Clandestinidade

A espanhola Paquita (Aracy Balabanian) era uma parteira malvista na fictícia cidadezinha mineira de Vila Feliz, cenário de "Felicidade" (Rede Globo, 1991), por ajudar as moças a se livrarem de gestações indesejadas no anonimato.

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Situações da vida real

"Em Família" (2014) abordou o aborto através de duas personagens. A primeira é Neidinha (Jéssica Barbosa), vítima de estupro coletivo que engravida e decide ter a criança. A outra é Guiomar (Jéssika Alves), empregada doméstica que relata à patroa não se arrepender de ter feito três abortos.

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Informação errada

Na novela "Amor de Mãe" (2019), Camila (Jéssica Ellen) sofre uma hemorragia por causa de um aborto espontâneo e tem o útero retirado. A situação foi bastante criticada por mostrar equivocadamente uma complicação que não tem nada a ver com uma interrupção espontânea da gravidez.

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Ficção moralista

Em "Nos Tempos de Imperador" (2021), Luísa (Mariana Ximenes) engravida do amante, Dom Pedro II (Selton Mello), mas fica entre a vida e a morte ao sofrer um aborto espontâneo. Além de não corresponder a fatos históricos, o aborto soou como um recurso moralista para penalizar o casal pela relação ilícita.

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Castigo de vilã

"Além do Tempo", trama global da faixa das 18h exibida em 2015, usou um artifício batido e moralista para punir as vilãs: engravidar, perder o bebê e fingir que continua grávida para conquistar o amor de alguém. Quem assumiu o posto foi Melissa, vivida por Paolla Oliveira.

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