Fiscalização expõe condições precárias de trabalhadores em fazenda de Leonardo

Uma operação de fiscalização em uma fazenda de Jussara, no noroeste de Goiás, colocou o cantor Leonardo na "Lista Suja" do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

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Os agentes resgataram seis trabalhadores em condições de trabalho análogas à escravidão no local.

Foto: Reprodução/Relatório Fotográfico da Inspeção

Ao todo, 18 pessoas trabalhavam no local, incluindo um adolescente de 17 anos. A fiscalização ocorreu em novembro de 2023, mas a lista só foi divulgada nesta segunda-feira (7/10).

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De acordo com o relatório, obtido pelo g1, os fiscais relataram que os alojamentos dos funcionários não tinham banheiros, as camas eram improvisadas, além de ter infestação de morcegos e fezes.

Foto: Reprodução/Relatório Fotográfico da Inspeção

A inspeção aconteceu em duas propriedades vizinhas, a Fazenda Lakanka e a Fazenda Talismã, esta avaliada em R$ 60 milhões. Ambas compartilham a mesma área agrícola.

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Segundo o cantor e sua defesa, a parte da Fazenda Lakanka onde os trabalhadores estavam, é arrendada para outra pessoa responsável pelo plantio de soja. A informação foi confirmada pelo relatório.

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Além disso, a defesa afirma que Leonardo não tinha conhecimento das condições irregulares das condições de trabalho.

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No entanto, o documento pontua que o cantor pode ser responsabilizado já que "todos os trabalhadores prestavam serviço para Leonardo, mesmo que de forma indireta."

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O nome da Fazenda Talismã foi dado em homenagem a um grande sucesso da dupla Leandro e Leonardo, lançado em 1990.

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Segundo os fiscais, os seis funcionários dormiam em uma casa abandonada a 2 km da sede da Fazenda Lakanka.

Foto: Reprodução/Relatório Fotográfico da Inspeção

A construção estava em mau estado de conservação, com telhas fora do lugar, permitindo a entrada de água da chuva. Por conta disso, os pertences dos trabalhadores chegavam a ficar molhados.

Foto: Reprodução/Relatório Fotográfico da Inspeção

O documento também revelou que o dormitório foi improvisado pelos próprios funcionários, que chegavam a usar tábuas de madeira encontradas na região como suporte para os colchões.

Foto: Reprodução/Relatório Fotográfico da Inspeção

Durante a inspeção, os fiscais constataram que o local apresentava infestação de morcegos e formigas, com fezes em todos os cômodos, além de já ter tido cobras e escorpiões.

Foto: Reprodução/Relatório Fotográfico da Inspeção

O banheiro estava inutilizável, imundo e abandonado, forçando os trabalhadores a defecar próximo a árvores nas áreas externas.

Foto: montagem/reprodução/Relatório Fotográfico da Inspeção

Sem chuveiros, eles improvisaram uma mangueira conectada a uma bomba de água, que causava choques elétricos ao desligá-la. O item também era usado para lavar as roupas, já que não havia outro acesso à água.

Foto: montagem/reprodução/Relatório Fotográfico da Inspeção

Os fiscais constataram que a única água disponível para os trabalhadores vinha de um poço sem manutenção, com a tampa quebrada, permitindo a entrada de animais, o que podia causar algum tipo de contaminação.

Foto: Reprodução/Relatório Fotográfico da Inspeção

Para beberem água, os trabalhadores tinham que caminhar até a sede da Fazenda Lakanka, a 2 km de distância, carregando garrafas emprestadas pelo arrendatário.

Foto: Reprodução/Relatório Fotográfico da Inspeção

O trajeto era feito a pé, de trator ou no veículo de um dos funcionários, quando havia gasolina. Eles enchiam quatro garrafas térmicas de cinco litros cada em um bebedouro, embora essa água também não fosse tratada.

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Os outros 12 empregados desempenhavam tarefas variadas, como preparação do solo para a plantação de soja, manutenção das cercas, entre outras atividades.

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De acordo com o relatório, embora esses trabalhadores também estivessem sem registro e sem acesso a direitos trabalhistas, suas condições não foram consideradas degradantes o suficiente para serem classificadas como trabalho análogo à escravidão.

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A defesa de Leonardo afirmou que está tomando medidas para retirar seu nome da lista. O Ministério do Trabalho explicou nomes incluídos na lista permanecem nela por dois anos após o processo administrativo ser concluído.

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A fazenda do cantor tem cerca de mil hectares e abriga mais de 5 mil cabeças de gado. A mansão principal conta com quartos no estilo bangalô, quadras esportivas, acesso a jetskis, piscina com deck de madeira, área de jogos e um grande lago.

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No mesmo dia em que seu nome foi incluído na lista, Leonardo se pronunciou nas redes sociais sobre a situação: “Gente, eu já plantei tomate, eu sei como é que é".

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“Surgiu um funcionário lá nessa fazenda que eu arrendei, que eu não conheço, nunca vi falar, nunca vi, e de repente eu fui visitado pelo Ministério Público do Trabalho, e foi lavrada uma multa pra mim, pra mim que sou o proprietário da fazenda”, disse o cantor.

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"A vida é difícil lá. Eu, do meu coração, jamais, jamais faria isso. Então, eu acho que há um equívoco muito grande sobre a minha pessoa. Eu não me misturo, eu não me misturo nessa lista aí que eles fizeram aí de trabalho escravo”, concluiu Leonardo.

Foto: reprodução/redes sociais

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