Longa-metragem
"Angela", que entra em cartaz em setembro, traz Isis Valverde no papel-título da socialite mineira Ângela Diniz, assassinada pelo parceiro Doca Street (vivido por Gabriel Braga Nunes) em 1976 aos 32 anos de idade.
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Ícone
Nascida em 1976, Ângela cresceu na alta sociedade de Belo Horizonte (MG) e se destacou pelo charme, beleza e inteligência. O célebre colunista social Ibrahim Sued, com quem ela namorou, a apelidou de "Pantera de Minas".
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Desquite
Ela se casou aos 17 anos com o engenheiro Milton Villas Boas, 31, com quem teve três filhos. A relação durou 9 anos e os dois fizeram um acordo judicial de desquite, pois o divórcio não era permitido na época. Villas Boas ficou com a guarda dos filhos.
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Polêmicas
A morte suspeita de seu caseiro, que teria sido assassinado por um amante casado, e uma prisão por porte de maconha em 1975 ajudaram a perpetuar a fama de Ângela como uma mulher, nas palavras da época, "devassa".
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Doca Street
Vivendo no Rio de Janeiro depois de se separar, ela se apaixonou pelo empreiteiro Raul Fernando do Amaral Street, o Doca. Ele era casado e deixou a mulher viver um romance com Ângela. A relação era pontuada por crises de ciúme dele e violência.
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Quatro tiros
Após uma briga na casa de praia dela na Praia dos Ossos, em Búzios, Ângela o expulsou. Ele voltou mais tarde e ouviu que poderiam reatar desde que tivessem uma relação aberta. Furioso, Doca disse que se ela não fosse só dele, não seria de mais ninguém, e a atingiu com três tiros no rosto e um na nuca.
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Vítima "mereceu"
Defensor de Doca, o advogado Evandro Lins e Silva argumentou que o crime aconteceu em legítima defesa da honra do réu e esmiuçou a vida de Ângela no tribunal, mostrando-a como promíscua e imoral e levando o júri a crer que sua conduta justificava seu fim.
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Legítima defesa da honra
Homens que cometiam os chamados "crimes passionais" eram réus confessos porque a sociedade machista os protegia e culpava as mulheres por suas atitudes. A tese era válida desde o Código Penal de 1940 e, embora não pudesse ser mais usada desde a Constituição de 1988, só foi derrubada de vez em 2023.
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Sentença
Doca Street foi condenado a apenas dois anos de prisão, mas movimentos feministas da época se manifestaram por justiça à Ângela. O Ministério Público recorreu e, em 1981, ele foi condenado por homicídio a 15 anos de prisão. A pena foi cumprida. Doca morreu em 2020, aos 86 anos.
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Legado
Os protestos pela pena branda de Doca geraram o movimento "Quem Ama Não Mata", que inspirou uma minissérie na Globo com Marília Pêra em 1982, e foi o início de uma iniciativa de combate à violência de gênero.
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Hoje
A Lei Maria da Penha e a definição da palavra feminicídio para crimes contra a mulher ajudam a penalizar e combater violências, mas o machismo na sociedade ainda perdura e os números de mortes causam a cada novo levantamento mais consternação.
Foto: Reprodução/Revista Manchete
Outra produção
O podcast "Praia dos Ossos", da Rádio Novelo, fez enorme sucesso ao recontar em detalhes a história de Ângela Diniz e vai virar série na Amazon Prime com a atriz Marjorie Estiano no papel da socialite.
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