Foice no pescoço e cadeado no pé: arqueólogos descobrem 'vampira' na Polônia

Foto: reprodução/Miroslaw Blicharski/Aleksander Poznan

Arqueólogos descobriram o esqueleto de uma jovem de 18 anos em condições misteriosas em um cemitério rural do século 17, perto da de Pien - uma pequena vila no sul da Polônia, cercada por paisagens rurais, com ambiente de simplicidade e tranquilidade.

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A mulher foi enterrada com uma foice sobre o pescoço e um cadeado no dedo do pé, medidas usadas para impedir que ela “retornasse dos mortos” – uma prática de proteção contra supostos “vampiros”.

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As características do corpo da jovem — possivelmente com uma deformidade física — sugerem que sua comunidade a via como algo "anormal".

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Enterrada com um gorro de seda que indicava seu status elevado, "Zosia", como foi chamada, teve seu rosto reconstruído digitalmente, revelando olhos azuis e cabelos curtos.

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A escavação revelou um cemitério de pessoas marginalizadas, onde outros indivíduos também foram enterrados com medidas cautelares semelhantes, como pedras no peito e moedas na boca.

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Na Polônia, há uma lenda de que no século 17 regiões eram assoladas por "revenants" ou "renascidos", seres semelhantes a vampiros que atacariam vivos e causariam caos nas casas.

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Esses relatos eram tão comuns que várias medidas eram tomadas para evitar a reanimação dos cadáveres, como arrancar seus corações, pregar seus corpos nas sepulturas e usar estacas nas pernas.

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Em 1746, um monge chamado Antoine Augustin Calmet publicou um tratado para distinguir os verdadeiros "renascidos" de fraudes.

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Recentemente, arqueólogos da Universidade Nicolau Copérnico encontraram a primeira evidência física de uma criança "renascida" em um cemitério na Polônia.

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A criança, que teria cerca de seis anos no momento da morte, foi enterrada com um cadeado de ferro sob o pé esquerdo para evitar que assombrasse sua família e vizinhos.Ela foi deixada de bruços para que, se voltasse dos mortos e tentasse ascender, mordesse a terra”, disse o arqueólogo Dariusz Poliński.

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A descoberta tem ajudado os historiadores a entenderem mais sobre as crenças e práticas da época em relação a esses seres.

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Algum tempo após o sepultamento, a tumba foi profanada. Todos os ossos foram removidos, exceto os das partes inferiores das pernas.

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De acordo com o jornal The New York Times, este é o único exemplo de um enterro infantil desse tipo na Europa.

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O lugar, que funcionava como um cemitério improvisado destinado para pessoas menos favorecidas, foi encontrado há 18 anos sob um campo de girassóis, situado na encosta de uma colina.

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Segundo registros locais, o cemitério não estava associado a uma igreja ou a um terreno consagrado. Cerca de 100 sepulturas já foram descobertas no local.

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No fim da Idade Média, especialmente na Polônia, era tradição colocar cadeados nas sepulturas. O maior achado deste tipo foi na cidade de Lutomiersk, onde quase 400 das 1.200 sepulturas investigadas continham cadeados.

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A tradição persistiu nas comunidades judaicas da Polônia pelo menos até a Segunda Guerra Mundial.

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Martyn Rady, historiador da University College London, ressaltou que a mulher e a criança não devem ser categorizadas como vampiras.

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As características dos “vampiros” foram oficialmente definidas pela primeira vez na década de 1720, por autoridades austríacas dos Habsburgos, que identificaram suspeitos de vampirismo na região que hoje é o Norte da Sérvia.

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Eles elaboraram relatórios que chegaram até a ser publicados em revistas médicas da época. “Eles deixaram bem claro que, na lenda popular local, o vampiro tinha três características: era um fantasma, alimentava-se dos vivos e era contagioso”, relatou o historiador.

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As lendas polonesas mencionam dois tipos de "renascidos". O primeiro é o upiór, que mais tarde foi substituído pelo termo wampir e se assemelha ao Drácula representado por Béla Lugosi no filme de 1931.

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O segundo é a strzyga, que é mais parecida com uma bruxa malévola que ataca os humanos, podendo comê-los ou beber seu sangue, de acordo com o folclorista Al Ridenour.

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A prática dos cadeados pode ser vista como uma tentativa de garantir que os mortos permanecessem em paz, como expresso na citação de Lugosi em "Drácula": "Morrer, estar realmente morto, deve ser glorioso".

Foto: reprodução drácula

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