Folia e arte: A tradição das máscaras no carnaval de Veneza
Foto: Imagem de Yeimi por Pixabay
O Carnaval de Veneza é uma das celebrações mais conhecidas do planeta. Todos os anos, milhares de turistas viajam até a cidade italiana para acompanhar desfiles de fantasias, brincadeiras e uma grande festa que se espalha pela cidade.
Foto: Imagem de Yeimi por Pixabay
Para contar a história dessa tradição cultural, é necessário voltar ao ano de 1094, quando o Carnaval de Veneza foi criado pelo doge Vitale Falier. Curiosamente, este é o mesmo ano da consagração da Basílica de São Marcos.
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Falier fazia parte de uma das famílias mais nobres e poderosas de Veneza e decidiu criar uma celebração em que a população pudesse festejar antes do início da quaresma. A ideia repercutiu muito bem entre os locais, que festejaram durante dias.
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1296 é o ano do primeiro documento que cita a festa como uma celebração pública. Trata-se do édito do Senado da Sereníssima, que ajudou a impulsionar o Carnaval de Veneza como uma das comemorações mais importantes da Europa, principalmente durante o século XIII.
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Os primeiros registros das máscaras tão características do carnaval veneziano datam do ano de 1200. Análises históricas apontam que o adereço se popularizou pelo fato de as mulheres de Constantinopla costumarem passear com o rosto coberto, o que atraía os homens.
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Outros registros apontam que a principal inspiração para as máscaras são os personagens principais do gênero teatral de origem italiana "Commedia dell'Arte", que foi criado no século XV e já havia se popularizado na Europa até o século XVII.
Foto: Commedia dell'arte - pintura de Gelosi -Domínio público
Um dos personagens é o Pantaleone (foto), um homem rico e velho que aprontava, representando a sociedade conservadora. Ele era apaixonado pela Colombina, uma serva inteligente e perspicaz que amava Arlecchino e despertava o interesse de Pierrot.
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Uma das máscaras mais populares de Veneza faz referência à Arlecchino, visto como um palhaço por seu jeito dançante de caminhar.
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Pierrot fecha a lista de referências como um servo confiável e um homem charmoso e carismático. Sua máscara tem uma expressão triste, que seria uma alusão ao coração partido por não poder ficar com Colombina.
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Um parêntese: no Brasil, a história de Pierrot e Colombina ganhou uma canção da banda carioca Los Hermanos, que conta um relato de amor frustrado, que teria levado Pierrot às lágrimas.
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As máscaras permitiam que as pessoas aproveitassem a liberdade sem empecilhos, já que proporcionavam o anonimato por cobrirem praticamente todo o rosto.
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Em 1271, Veneza já contava com ateliês especializados em técnicas manuais para a confecção de máscaras em grandes volumes. Entretanto, os adereços foram proibidos durante um bom tempo justamente por cobrir o rosto todo, o que causava algumas confusões, roubos etc.
Foto: Roberto Vicario - wikimedia commons
Mas no século XV, as máscaras foram devidamente reconhecidas pela Sereníssima. Assim, os artesãos que faziam as peças de papel machê se tornaram ainda mais conhecidos em Veneza. Atualmente, as máscaras seguem sendo um dos principais adereços nas fantasias do carnaval.
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Além das máscaras, um traje popular entre os homens era a "baùta", que se assemelha a uma capa. Já as mulheres usavam a "moretta", uma máscara preta de veludo que era um tanto incômoda, já que se encaixa no rosto por um botão que deveria ficar na boca, impedindo que falassem.
Foto: Domínio público
Pensados para garantir que a população pudesse se divertir livremente, os jogos e brincadeiras do carnaval contavam com pirâmides humanas, competições entre acrobatas e corridas. Em cada esquina, as pessoas também se divertiam e dançavam ao som de músicos, enquanto assistiam os artistas de rua e mímicos.
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Por outro lado, também havia a caça ao touro, em que as pessoas agitavam o animal e, no final, ele era decapitado com a finalidade de enaltecer os açougueiros da região. Essas caças costumavam acontecer no Campo San Geremia e no Campo San Polo.
Foto: Imagem de Gordon Johnson por Pixabay
Ainda tinham as disputas de soco e empurrões na Ponte dei Pugni, em que uns acabavam jogando os outros na água. Uma brincadeira mais leve era atirar ovos nas damas de Veneza com estilingue. Mas os ovos, na verdade, tinham em seu interior água de rosas.
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Tudo mudou com a chegada de Napoleão em 1797, que baixou uma série de normas. Entre elas, proibir o Carnaval de Veneza por medo do anonimato e liberdade que as festas proporcionavam, mas isso aconteceu só nas ruas.
Foto: Jacques-Louis David - domínio público
Até 1979, quase dois séculos depois, o carnaval ainda era praticamente proibido, com festas liberadas somente em casas privadas e nas ilhas de Murano, Burano e Torcello. Mas um grupo de foliões teve coragem de sair às ruas com máscaras ainda mais elaboradas, assim como as fantasias.
Foto: Muu-karhu wikimedia commons
Assim, as autoridades locais voltaram a investir e incentivar a celebração, apoiando também os artesãos, que passaram a confeccionar fantasias ainda mais elaboradas. O povo festejou o retorno do Carnaval de Veneza nas ruas e na Praça São Marcos.
Foto: Imagem de Ingeborg Gärtner-Grein por Pixabay
Atualmente, a celebração leva milhares de pessoas de todo o mundo à Praça São Marcos. Quem visita Veneza encontra muita festa, desfiles de fantasias e máscaras de todos os gostos, seja nas ruas ou nos barcos que atravessam os canais da cidade.
Foto: Effems wikimedia commons
O carnaval dura cerca de duas semanas, culminando no Martedì Grasso, que é o dia antes da Quarta-feira de Cinzas e marca o início da Quaresma no calendário cristão. Geralmente esse período é entre o final de janeiro e início de fevereiro.
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Durante duas semanas, Veneza se transforma em um palco de festividades, desfiles de máscaras, bailes e eventos culturais, proporcionanado experiências memoráveis para crianças e adultos de todas as idades.
Foto: effems wikimedia commons
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Foto: Imagem de Yeimi por Pixabay