Sensação no fim de ano: a origem da rabanada

O Natal passou, mas o Réveillon também tem ceia no estilo natalino. Dentre os pratos mais famosos, está a rabanada, que faz sucesso no Brasil e é uma tradição nesta época do ano.

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Sob o viés religioso, o prato surgiu de uma necessidade de reaproveitar o pão amanhecido, por ser considerado sagrado para os católicos e representar o corpo de Jesus Cristo.

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Justamente por essa representação do sagrado que trouxe a rabanada para as ceias natalinas em diversos locais do mundo. No Brasil, esse doce é presença garantida na maioria das mesas durante os festejos desse período e pode reaparecer também no réveillon.

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Por volta do ano 1300, o chef francês Guillaume Tirel apresentou uma receita de “tostées dorées” no Le Viandier, algo que se assemelha ao que conhecemos sobre esse prato tradicional.

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A rabanada aparece documentada no século XV, citado por Juan del Encina. Feita com mel e muitos ovos, aparece como prato indicado para a recuperação pós-partos. O primeiro registro do preparo, no entanto, foi feito nos manuscritos de Marcus Gavius Apicius, no Império Romano.

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Rabanada é um doce de pão de trigo (pão-de-forma, baguete ou outro) em fatias que, depois de molhadas em leite, vinho ou calda de açúcar, são passadas por ovos e fritas ou assadas.

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As rabanadas fazem parte de muitas mesas da consoada, em Portugal, e em várias ceias do Brasil. São servidas polvilhadas com açúcar de canela ou regadas com caldas, de açúcar, xarope de bordo, mel, vinho ou vinho do porto.

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Em outra época, a palavra "rabanada" era apenas utilizada ao norte do rio Mondego e ao mesmo doce atribuía-se, a partir da margem sul do referido rio, o nome de fatia-dourada ou fatia-de-parida.

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Em outros países, são típicos nas celebrações espanholas da Quaresma e da Semana Santa, assim como em várias partes do México, tal qual Zacatecas.

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Além de Marcus Gavius, as primeiras receitas remontam ao livro de cozinha de Domingo Hernández de Maceras (1607) e "Arte de cozina, pastelería, vizcochería y conservería" de Francisco Martínez Motiño (1611).

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A rabanada era, no início do século XX, muito comum nas tabernas de Madrid, capital da Espanha, e era servida com jarros de vinho ("razos").

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A associação das rabanadas à quaresma deve-se provavelmente à necessidade de aproveitar o pão, durante o tempo em que não se comia carne.

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Existem múltiplas variantes, começando pelo pão, que pode ser corrente ou preparado especialmente para as rabanadas. Atualmente, é muito habitual encontrar esta opção nas pastelarias que oferecem um pão enorme em forma de barra (pão de forma) feito com farinha refinada.

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Algumas receitas substituem o vinho por leite e outras molham as rabanadas só no mel quente. Com frequência, acompanha-se de canela e cravo da Índia, mas podem usar casca de limão ou de laranja ralada para aromatizar o leite.

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Algumas das variantes mais populares são as rabanadas tradicionais, as que levam vinho do porto, aquelas com calda e as de poveira.

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Recentemente, apareceram variedades veganas que substituem o leite de vaca por leite de soja e os ovos por farinhas de grão de bico, farinha de soja ou outras leguminosas.

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Na França, prepara-se com características similares o "pain perdu" ("pão perdido"), não sendo frito em azeite abundante, mas sim em manteiga ou numa chapa.

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No Reino Unido e em países de língua inglesa, bem como no Japão, é conhecido como "French toast". Já em Portugal, as rabanadas são preparadas de forma muito similar às torrijas ou torradas da vizinha Espanha.

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Na Colômbia, Chile e Equador chamam-se "tostadas francesas", enquanto na Guatemala, levam o nome de "tostadas a la francesa"; Além disso, no norte do México, é intitulada de pan francés e na Argentina e Uruguai a umedecem com leite migas.

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No Brasil, o doce chegou trazido pelos portugueses e se consolidou, sobretudo nas festas natalinas. Por aqui, seu consumo é mais comum no Nordeste, até porque foi lá que as naus lusitanas aportaram primeiro em terras brasileiras.

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Como modo de preparo no Brasil, é mais comum molhar as fatias em uma mistura de leite e leite condensado, passar nos ovos batidos, depois fritar e polvilhar com açúcar e canela.

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Além disso, as rabanadas podem ser recheadas com doce de leite ou creme de avelã. Para isso, é necessário fazer um pequeno furo na lateral de cada rodela de pão e inserir o recheio com um saco de confeiteiro.

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A rabanada salgada é uma versão diferente do doce tradicional. Por fim, o prato pode ser feito com pão amanhecido, leite, ovos, pimenta-do-reino, raspas de limão e bastante noz-moscada.

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