Niterói impressiona ao usar o próprio mosquito no combate à dengue
Foto: wikimedia commons Muhammad Mahdi Karim
Em tempos de preocupação com o avanço da dengue em diversas partes do país, uma cidade da Região Metropoliatana do Rio de Janeiro está protegida. E de uma maneira que chama atenção e atrai enorme curiosidade.
Foto: wikimedia commons Muhammad Mahdi Karim
Trata-se de Niterói, cidade de 482 mil habitantes que fica a apenas 15 km da capital carioca, famosa pela ponte que liga das duas cidades. E também pelo seu principal cartão postal: o Museu de Arte Contemporânea, cuja arquitetura projetada por Oscar Niemeyer lembra um disco voador, na beira da Baía de Guanabara.
Foto: Wikimedia commons
Niterói está conseguindo impedir a proliferação do aedes aegypti usando o próprio mosquito como arma. Ou seja, o transmissor da dengue age contra a disseminação da doença a partir de uma iniciativa que teve início 8 anos atrás.
Foto: reprodução record tv
Em 2016, o bairro de Jurujuba, conhecido pela intensa atividade pesqueira, recebeu os primeiros mosquitos modificados em laboratório para uma ação contra a dengue em Niterói. Moradores acharam estranho quando souberam que autoridades de saúde estavam soltando um monte de mosquitos pela rua. No entanto, era o "mosquito do bem".
Foto: Rodrigo Alves wikimedia commons
Explica-se: pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz retiraram uma bactéria da mosquinha da fruta, a chamada Wolbachia, e a injetaram no mosquito fêmea. Essa bactéria não prejudica o meio ambiente, mas impede que os mosquitos transmitam as doenças.
Foto: Karla Tauil/Wikimedia Commons
Segundo os pesquisadores, o cruzamento de um macho que esteja com Wolbachia e uma fêmea sem a bactéria provoca uma interrupção no ciclo de reprodução do aedes aegypti.
Foto: Agência Brasil
De acordo com a Fiocruz, não houve mudança genética nem no mosquito nem na bactéria. O que ocorre é que a bactéria bloqueia a multiplicação do vírus causador da dengue na célula.
Foto: reprodução youtube
Diante disso, os números de dengue em Niterói - diferentemente do que está ocorrendo em muitos lugares pelo país - são baixíssimos.
Foto: Wikimedia commons
Em 2016, 71 casos. Em 2017, 87. Em 2018, o número chegou a 224, mas a maioria ocorreu na região norte de Niterói, onde o projeto ainda não havia chegado. Hoje, todos os bairros da cidade estão com mosquitos soltos, do tipo que impede - em vez de aumentar - a disseminação da dengue.
Foto: reprodução tv band
Em 2019, 61 casos. Em 2020, 85; em 2021, 16; em 2022, 12; em 2023, 55. E em 2024, até 29 de janeiro, houve registro de somente 3 casos de dengue.
Foto: wikimedia commons Ana Mercedes Gauna
As autoridades de saúde e os cientistas, porém, alertaram que o fato de dispor de um recurso que impede o avanço da doença não deve causar um relaxamento na população. Ou seja, todos devem manter as medidas de prevenção, contribuindo para que a cidade seja um ambiente adequado contra ameaças de surto.
Foto: Divulgação/Prefeitura de São José dos Campos
As pessoas, portanto, devem evitar o acúmulo de água de qualquer natureza, seja em vasos, pratos, tampinhas, reservatórios, etc. Um lugar onde poucos olham , mas costuma acumular água, é atrás da geladeira, naquele recipiente que fica na parte de baixo.
Foto: reprodução record tv
Plantas que tenham espaço fundo entre as folhas e fiquem em áreas abertas (sob chuva) também devem ser observadas. É o caso de bromélias, que, por seu formato, permitem o acúmulo de água em suas folhas. É necessário sempre retirar essas pequenas poças da planta.
Foto: Riviere rouge - wikimedia commons
Embora Niterói esteja tranquila, o estado do Rio de Janeiro vive momentos de preocupação. O número de casos chegou a 17 mil em janeiro, um aumento de mais de 900% comparado ao mesmo período de 2023.
Foto: Olga Kononenko Unsplash
Na capital carioca, os números são alarmantes. Em janeiro, foram mais de 8 mil casos da doença: 1.300% a mais que em janeiro de 2023. A zona oeste é a região mais crítica, com muitos focos.
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
Em 2/2, o prefeito Eduardo Paes anunciou que tal número de notificações já representa uma epidemia na cidade. E enfatizou a importância da união de forças de todos para evitar a proliferação do mosquito.
Foto: Prefeitura do Rio wikimedia commons
O Rio está na lista de cidades contempladas com a campanha de vacinação, que deve começar ainda em fevereiro, mas se restringirá a grupos prioritários: adolescentes de 10 a 14 anos.
Foto: reprodução tv globo
O esquema da vacina contra a dengue prevê duas doses com intervalo de três meses entre as aplicações.
Foto: Divulgação Takeda
Os médicos alertam para que as pessoas observem os sintomas: febre alta e repentina, dores no corpo e, em casos mais graves, manchas vermelhas na pele, vômito, diarreia e sangramentos.
Foto: Polina Tankilevitch pexels
O mosquito Andes aegypti, além da dengue, também é o transmissor da zika e da chikungunya.
Foto: Divulgação SES-MG
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Foto: wikimedia commons Muhammad Mahdi Karim