Como é Mogi das Cruzes

Cidade da Grande São Paulo onde Neymar nasceu vive entre verde e abandono

Foto: Daniel Arroyo/Ponte

Cidade natal de Neymar, foi em Mogi das Cruzes (SP) onde cresceu outro cotado para a seleção que representará o Brasil na Copa do Catar, Felipe Monteiro. Zagueiro do Atlético de Madrid, começou a carreira no União, passando também por Bragantino e Corinthians, antes de ser vendido para o Porto. Em 2021 Felipe inaugurou na cidade a Escolinha de Futebol Galo de Ouro, que atualmente conta com 130 alunos

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Quem gerencia o projeto é Alexandre Moraes dos Passos. “A escolinha é particular, mas cerca de 25 a 30% dos nossos alunos têm bolsa. O Felipe é quem deu as ferramentas e o suporte para as atividades, é tudo combinado com ele”, conta. Quando está na cidade visitando parentes e amigos, o zagueiro costuma ir até a escolinha jogar umas peladas e tirar fotos com as crianças

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Antes de despontar no futebol, Felipe trabalhou entregando cogumelos para a barraca de sua sogra, no Mercadão da cidade. O Mercado Municipal é um dos pontos históricos de Mogi e atualmente conta com 118 boxes que ajudam a escoar a grande produção de frutas, verduras e hortaliças da região. Carlos Antonio dos Santos tem uma barraca de frutas e verduras no Mercadão há 28 anos. “Estou em Mogi há 42 anos e trabalho com frutas há 35, comecei como feirante.”

Foto: Daniel Arroyo/Ponte

Por outro lado, a periferia de Mogi sofre com o abandono. Jundiapeba é um dos seus distritos mais populosos. De acordo com o Censo de 2010, a região concentra cerca de 53 mil habitantes e um alto índice de pobreza, que chega a 43,6%. Lindemberg Alves, 47, mora no bairro há 27 anos. “Quando vim pra cá, isso aqui era tudo lagoa. Eu vi o bairro crescer em volta, com pouca estrutura e pouco investimento do poder público”

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Lindemberg é o criador da Associação Cultural Educacional Afrontarte, que há 8 anos promove ações sociais e educacionais em Jundiapeba. “A Afrontarte é um terreiro de candomblé, espaço de capoeira e o lugar que os movimentos sociais se reúnem, aqui já vieram os movimentos LGBT, movimentos de moradia, reunião de base de vários movimentos sociais”

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Além disso, o espaço ainda abriga encontros de sarau, hip hop, teatro, jongo e feiras afrobrasileiras. Lindemberg explica que a motivação inicial para criar o espaço foi a falta de equipamentos públicos. “Eu sempre falo que Jundiapeba é quase um quilombo, é nosso gueto. Há toda uma falta de investimento, o poder público chega por último aqui, um bairro que é um dos mais populosos de Mogi e é o mais invisibilizado”

Foto: Daniel Arroyo/Ponte

Mestre Cavuco, 47, mora em Jundiapeba há 40 anos. Mestre de capoeira desde 2013, dá aulas no Afrontarte há um ano e meio. “Aqui é um bairro com grande potencial e baixo investimento, especialmente em pessoas. Não tem uma casa de cultura, uma quadra de esporte bacana, um bairro esquecido entre dois mundos desenvolvidos, que é o centro de Mogi e a cidade de Suzano”

Foto: Daniel Arroyo/Ponte

Para Mestre Cavuco, o esforço de Lindemberg é essencial, pois oferece um espaço para o jovem da região se reconhecer: “É diferente ter um local no seu bairro, para praticar sua arte, sua cultura, sem precisar se deslocar, falando sua linguagem, com seu modo de vida, você se sente melhor: é se reconhecer, enxergar em você algo que não tem em lugar nenhum, só aqui”

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