A vida pós-PerifaCon
Diversos heróis dos universo dos quadrinhos passaram o domingo (31) na Brasilândia, zona norte de SP, onde rolou a 2ª edição da PerifaCon
Foto: Daniel Arroyo/Ponte
O evento voltado para o público nerd e geek das quebradas de São Paulo contou com debates, exposições e apresentações e tem a intenção dar acesso a jovens das comunidades que não tem como participar de outras convenções deste tipo por conta, dentre outras coisas, de dinheiro e distância
Foto: Daniel Arroyo/Ponte
Para entender a importância do acesso à cultura geek nas perfiferias, a reportagem fez a seguinte pergunta para jovens que foram até a Fábrica de Cultura da Brasilândia em um ensolarado domingo: Como é ser um jovem nerd/geek na quebrada?
Foto: Daniel Arroyo/Ponte
Gustavo Santos, 18 anos (Pirituba - zona noroeste)
"É legal e às vezes é ruim. Porque quem é de fora acha que todo mundo dentro da quebrada é igual. Só ouve funk e só fala disso, quando na verdade tem muita mais coisa"
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Cíntia Félix, 36 anos (Jardim Umarizal - zona sul)
"A localidade, a raça e a condição social diferenciam os jovens nerds da periferia dos demais. A gente não consegue ir em outros eventos desse tipo porque é caro e a gente não consegue acessar. É importante também a gente ocupar o nosso espaço e esse tipo de conteúdo chegar na periferia, porque já vai ser diferente para as novas gerações"
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Gisele Alice, 29 anos (Taipas - zona norte)
"É saber que não tem acesso aos grandes eventos desse tipo. É maravilhoso pode ter isso aqui perto da gente"
Foto: Daniel Arroyo/Ponte
William Mota Viana, 32 anos (Brasilândia - zona norte)
"Meu pai sempre curtiu quadrinhos e me apresentou o Pantera Negra quando eu ainda era criança. Então na minha cabeça o Super-Homem sempre foi um cara preto. Nunca foi fácil ser nerd. A gente sempre era zoado e na quebrada você sempre tinha que manter a pose de malvado"
Foto: Daniel Arroyo/Ponte
Renato Lima, 29 anos (Itaim Paulista - zona leste)
"É difícil, mas de certa forma veio dar representatividade para pessoas nerds, geeks e gordas. Eu faço cosplay há 13 anos e hoje a molecada da minha quebrada que curte esse mundo acha bem legal que existam pessoas lá que gostem da mesma coisa que elas"
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Juliana Mota, 27 anos (Osasco - Grande SP)
"É ter a vivência de algumas realidades da periferia que são mostradas nos quadrinhos. E é bacana quando a gente se identifica"
Foto: Daniel Arroyo/Ponte
Yorhan Araújo, 33 anos (Osasco - Grande SP)
"É não ter acesso a todos os conteúdos que se gostaria. Às vezes pega a primeira edição de uma revista, mas não tem acesso à segunda e só vai conseguir voltar pra história na edição três ou quatro. Eventos como esse aqui são importantes para trazer a cultura pop para a quebrada"
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Nuno Jr., 26 anos (Chácara Santana - zona sul)
"Hoje é mais fácil ter acesso a mais animes e games do que antigamente, mas a quebrada sempre foi nerd e geek, mas nunca se tocou. Todo mundo já assistiu Dragon Ball Z alguma vez na vida ou está jogando Free Fire"
Foto: Daniel Arroyo/Ponte
Heberth Felipe, 22 anos (Ponte Rasa - zona leste)
"Nerd na quebrada é sempre mais excluído. Eu não tenho dinheiro para participar dos eventos grandes. Eu sempre quis fazer cosplay, mas nunca tive grana para fazer uma roupa legal. Agora que eu estou conseguindo mais ou menos"
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Gleice Silva, 27 anos (Lapa - zona oeste)
"Tem a questão do preconceito, a falta de acesso a conteúdos e grandes eventos"
Foto: Daniel Arroyo/Ponte
Gabriela Silva - 16 anos (Santa Cecília - centro)
"A diferença de um jovem da quebrada para o dos bairros mais nobres é bem grande. Quem é da periferia não tem condição para comprar livros, games e participar de eventos porque tudo isso é muito caro. Aqui na PerifaCon a gente consegue achar coisas com um preço bem mais acessível"
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Nayane Viana, 24 anos (Jardim Peri - zona norte)
"É difícil. A gente não tem acesso aos conteúdos e os principais lançamentos. Aqui é legal que reúne um pessoal de diferentes quebradas, você pode ver que tem mais pessoas negras"
Foto: Daniel Arroyo/Ponte
Júlia Viana, 18 anos (Jardim Guarani - zona norte)
"A gente mora na periferia por motivos financeiros e os principais eventos acontecem longe da gente e são caros. Ao mesmo tempo que nesses bairros tem gente produzindo material e podendo exercer esse mundo geek e nerd de forma mais natural"
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Kelvin Alves, 27 anos (Vila Formosa - zona leste)
"Às vezes a gente acha que é o único na quebrada. A gente não consegue perceber porque temos menos conexões. É mais fácil fazer essas relações na internet do que do lado de casa"
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Bruna Andrade, 28 anos (Liberdade - centro)
Não é tão visível, mas tem uma galera que produz conteúdo nerd e geek. Quem é de fora não imagina que dentro das comunidades tem cultura pop e nerd sendo produzida agora
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Juliana Caetano, 25 anos (Santana - zona norte)
"É gastar muito tempo para chegar nos rolês"
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Laís Matias, 25 anos (Mandaqui - zona norte)
"É tentar se infiltrar nos eventos mais caros e não conseguir se inserir ali. A PerifaCon quebra isso"
Foto: Daniel Arroyo/Ponte
Luiz Carlos Silva Leite, 25 anos (Anhanguera - zona norte)
"É escroto. As pessoas costumam reagir com preconceito. Acham que por ser na quebrada você tem qua fazer parte de algum grupo, e quando não está, você é excluído"
Foto: Daniel Arroyo/Ponte
Vitor Hugo Oliveira - 22 anos (Vila Califórnia - zona leste)
É ser fascinado por todo tipo de ficção que a gente não tem acesso, mas busca de todas as formas e consegue de algum jeito
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Sidney Jr. 'Saudade' - 26 anos (Osasco)
"É muito desafiador. A gente vê muita coisa, quer fazer e não consegue ter acesso. Por isso se busca se juntar para fazer o que pode"
Foto: Daniel Arroyo/Ponte