Botox da Barbie: entenda os riscos da busca pelo pescoço da boneca

Técnica usada por Gkay não é unanimidade entre médicos, que chamam atenção para busca arriscada por padrões estéticos

7 nov 2023 - 05h00
Boneca "Barbie" à esquerda; à direita, Gkay durante aplicação de botox no trapézio
Boneca "Barbie" à esquerda; à direita, Gkay durante aplicação de botox no trapézio
Foto: Ekaterina/ iStock | Reprodução/ Instagram | Montagem Terra

O filme da Barbie impulsionou o uso da cor rosa, o consumo por itens associados à boneca e, apesar da autocrítica, também mostrou que as sociedades ocidentais estão longe de livrar as mulheres da busca por padrões estéticos.

É o que se vê, por exemplo, na tendência apelidada de "Botox da Barbie". Disseminada no TikTok, a moda consiste em aplicar toxina botulínica no músculo do trapézio para dar à região um aspecto mais fino e, portanto, semelhante ao da boneca.

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Entre as brasileiras, uma das adeptas é a humorista e influenciadora digital Gkay. "Nem sabia que esse procedimento existia. Meu trapézio é muito grande e me incomoda, mas dá para abaixar com botox. Achei um bafo", relatou aos seguidores quando exibiu o procedimento semanas atrás, segundo registro do UOL. "Tem gente que treina para crescer, eu quero diminuir", acrescentou.

Prática antiga, propósito novo

Médicos destacam que a prática de aplicar botox nessa região não é nova — o diferencial e controverso é mesmo o propósito da aplicação. 

Segundo a cirurgiã-dermatologista e palestrante Ada Trindade, o tratamento costuma ser indicado em casos de hipercontratura por stress ou postural. Para pacientes nessas condições, a dose de toxina varia de 20u a 50u em cada lado, a fim de melhorar a tensão local com o relaxamento muscular.

Os contras

Embora não seja proibido, Ada desaconselha essa aplicação estética. Na avaliação da médica, "Botox da Barbie" não passa de um nome lançado pela mídia para vender procedimentos que, "na maioria das vezes, não são necessários e podem ainda ser prejudiciais".

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"Já pensou se no futuro esses jovens precisarem do medicamento para tratar uma doença como uma contratura involuntária e tiverem se tornado resistentes apenas por uma indicação banal?!", critica a cirurgiã, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica. 

"Todos devem procurar orientação médica especializada antes de se submeter a 'modismos', pesar os prós e contras e ver se realmente tem indicação de submeter-se a este tratamento. Para evitar complicações e arrependimentos, além de gastos desnecessários".

Vale lembrar também que há possíveis reações adversas para quem recorre à técnica. Conforme aponta a dermatologista, uma pessoa sem contratura em excesso ou tensão local pode ter dificuldades para elevar as escápulas ou malhar diante do relaxamento excessivo. Ademais, pessoas que já tem o músculo atrofiado não podem se submeter à prática.

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Não existe padrão de beleza único

Dirigido por Greta Gerwig, o filme "Barbie" levou às telonas a diversidade de funções atribuídas à boneca — de presidente a engenheira, de mãe a advogada, entre outras. Mas a obra é reconhecida especialmente por não omitir o ônus no legado do brinquedo, que é a consagração de um inatingível padrão de beleza.

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Certamente, nem tudo é culpa da Barbie. No cenário atual, elementos como os filtros de redes sociais possuem grande impacto na percepção de autoimagem de mulheres, tanto jovens quanto maduras.

"Não existe um padrão de beleza único e temos levado esse debate nos eventos de estética médica do país, além de promover treinamentos de especialistas e reverberar o assunto para sociedade por meio da mídia", lembra a dermatologista Camila Cazerta, diretora médica da Allergan Aesthetics no Brasil.

A empresa promove ações de conscientização e lançou a campanha "Assuma sua Imagem", que busca valorizar a aparência e realizar procedimentos estéticos de forma saudável e responsável.

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Fonte: Redação Terra Você
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