Uma pesquisa encomendada pelo Google à Offerwise em 2023 apontou que os cabelos são a maior preocupação dos brasileiros quando se trata de cuidados com a beleza, ficando à frente de perfumes e maquiagem. E com a chegada do inverno, os fios merecem mesmo mais atenção já que são mais sensíveis às variações climáticas. Além disso, as mudanças bruscas de temperaturas afetam diretamente a saúde e a aparência dos fios, causando problemas como ressecamento, frizz, quebra e perda de brilho. Como se isso não bastasse, coceira e até dermatite no couro cabeludo costumam ser o terror na vida de muita gente - e o tempo frio favorece tudo isso.
LilIan Brasileiro, médica membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, explica que existe uma relação entre o frio e o aumento de problemas no couro cabeludo e nos fios, uma vez que a queda da temperatura faz com que os pacientes tomem banhos mais longos e, principalmente, mais quentes. O couro cabeludo, que é rico em glândulas sebáceas, e o fio de cabelo tendem a ficar ressecados pela alta temperatura da água, e o resultado é a descamação, coceira, e agravamento de condições prévias como a dermatite seborreica, que, por sua vez, favorece a queda capilar.
Segundo a dermatologista da Phytoervas, Marcela Rodrigues, o frio pode gerar vários efeitos negativos tanto no corpo, no rosto e claro, nas madeixas. Isso ocorre porque a maioria dos problemas está relacionada à diminuição da umidade no ambiente e ao aumento da exposição a condições adversas (vento, frio, garoa) e, com isso, ressecamento, frizz, pontas duplas, perda de brilho, couro cabeludo seco e redução do crescimento do cabelo costumam ser facilmente percebidos no inverno devido às baixas temperaturas.
Além desses, há outro agravante, segundo Lilian: nas grandes metrópoles, a baixa umidade do ar (tempo seco) aliada à poluição, predispõe o ressecamento e a queda doas fios. Mas ela diz que é possível ter cabelos lindos no inverno. E o ideal é ficar de olho em alguns hábitos e ter atenção especial com o couro cabeludo e os fios. Para Marcela, um dos segredos é manter a hidratação em dia. Os fios precisam ser hidratados com frequência de modo a repor a água e os nutrientes perdidos ao longo do dia, além de se atentar aos produtos e acessórios usados na cabeça para que eles não agravem a condição.
A seguir, as duas dermatologistas listam alguns cuidados que você deve ter com seu cabelo:
1-Água na temperatura adequada: evite lavar o cabelo com água muito quente, pois isso pode retirar os óleos naturais do couro cabeludo e dos fios, agravando o ressecamento. O cabelo responde ficando mais seco e endurecido. Se for necessário, coloque um aquecedor de ambiente no banheiro, mas não abuse da temperatura da água em contato com o cabelo, ela deve ser, no máximo, de 35 a 40 graus, o que seria suficiente para embaçar apenas um pouco o espelho do box. Se conseguir, depois de um banho morno, passe uma água mais fria só no cabelo. Se todo o espelho estiver embaçado é porque a água deve estar em aproximadamente excessivos 60 graus. Essa temperatura pode ser danosa não só ao cabelo, como até para a pele. Porém, se você conseguir, tome banho com água morna ou fria.
2-Alimentação e suplementos: mantenha uma dieta equilibrada rica em vitaminas e minerais essenciais para a saúde capilar, como vitamina E, ômega-3 e biotina. Considere o uso de suplementos alimentares específicos para fortalecer os fios durante o inverno.
3-Beba água: Lilian ressalta que é necessário lembrar da ingestão de água, pois, no frio é comum consumimos menos dela, o que é um erro.
4-Hidratação intensiva: use máscaras capilares e condicionadores hidratantes semanalmente para combater o ressecamento causado pelo ar frio e seco. Máscaras que contenham óleos vegetais (manteiga de karité, manteiga de manga, óleo de argan, óleo de algodão, óleo de jojoba, óleo de coco) ajudam a repor a "gordura boa" perdida com as lavagens, especialmente com água mais quente. Eles podem ser aplicados no fio, para manter as cutículas alinhadas, o que reduz o frizz. Assim, mantemos os cabelos nutridos e bonitos ao longo do inverno, frisa Lilian. E se lembre que o condicionador e cremes sem enxágue devem ser aplicados apenas na extensão dos fios. Aproveite para desembaraçá-los utilizando os dedos ou escovas adequadas para o uso em cabelos molhados.
5-Mantenha a higiene: a coceira ocorre mais no inverno porque é natural que se lave menos o cabelo. Ele suja menos, transpiramos menos, não há tanta produção de oleosidade. O problema disso é que os fungos não entendem a estação do ano, eles continuam se proliferando e podem causar dermatite. Então a dica é manter a higiene do cabelo mesmo durante o inverno e, se precisar, se já tiver coceira, usar um shampoo com ação antifúngica para controle dos fungos, indica Lilian.
6-Óleos e séruns: Marcela conta que aplicar óleos capilares ou séruns nos fios, especialmente nas pontas, é ideal para proteger contra o frizz e o ressecamento. Esses produtos ajudam a selar a umidade no cabelo. Experimente passar uma camada generosa nas pontas antes de dormir e retirar no outro dia para selar ainda mais essa parte dos fios.
7-Proteja os fios: Marcela aconselha a usar chapéus ou gorros forrados com materiais suaves, como seda ou algodão, para proteger o cabelo do vento frio e evitar o atrito que pode causar quebra e frizz. Evite materiais sintéticos que podem aumentar a eletricidade estática.
8-Seque os fios: o cabelo demora mais de um dia para secar naturalmente, então o secador é bem-vindo para não deixar o couro cabeludo úmido - o que favoreceria a proliferação de fungos. Lilian reforça que podemos, sim, usar secador de cabelos, mas isso deve ser feito de uma forma correta, com uma temperatura mais amena. Mantenha uma distância de mais ou menos 10 cm do seu cabelo e aplique protetor térmico. Se você souber utilizar o secador, terá um cabelo mais liso, brilhante e modelado sem ter o ressecamento que o aparelho pode trazer à fibra capilar se aplicado de maneira incorreta, comenta a médica.
Atenção: em caso de coceira ou queda de cabelo, é fundamental buscar ajuda profissional. Muitas alterações podem ser tratadas com procedimentos em consultório e com a prescrição médica.
Fontes:
Lilian Brasileiro, médica, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia; coordenadora e palestrante em eventos de dermatologia clínica, laser e tecnologias. Instagram @lilianbrasileiro.dermato / Marcela Rodriges, médica dermatologista da Phytoervas