Pressionadas pessoal e profissionalmente, não é raro observarmos as mulheres lidarem com longas jornadas. Hoje, milhões de brasileiras são chefes de família, um número crescente desde os anos 90 e que traduz bem a rotina desgastante de um enorme coletivo que tenta balancear cotidiano tomado por atividades acadêmicas, do trabalho, do lar e da vida social. Uma dinâmica maçante capaz de levar ao limite não apenas o corpo, mas a mente.
Nesse cenário estressante e de esgotamento, espera-se um dia a dia com grande peso emocional facilmente somado ao cansaço típico de uma vida cheia de obrigações, mas como a mente passa a se comportar e quais os sinais de fadiga que ela pode apresentar?
“Os sinais mais comuns são dificuldades com relação a qualidade do sono, irritabilidade, cansaço, falta de prazer nas atividades que antes eram prazerosas, lapsos de memória e isolamento”, aponta a Adriane Camilo, mestra em Psicologia Clínica pela PUC/SP.
A psicóloga destaca ainda impactos de rotinas com tamanha densidade, com pouco tempo para descanso, e muito comum entre as mulheres, que, às vezes, sequer conseguem espaço na agenda para utilizarem um tempo exclusivamente para si mesmas.
“Os impactos podem ser vários. A falta de descanso e de qualidade de vida podem desencadear transtornos como ansiedade, depressão, transtorno obsessivo-compulsivo, síndrome do burnout e vários tipos de compulsões (alimentares, compras etc).”
Ao longo dos anos, tornou-se usual pessoas e mercado de trabalho supervalorizar a habilidade de ser multitarefas, porém tal realidade, de atividades diversas executadas ao mesmo tempo e de modo frequente, acaba por cobrar o preço, capaz de fazer do dia uma verdadeira maratona, com etapas que não dividem bem dinâmica social e profissional. Todavia, entre as mulheres, é nítido o clichê criado pela sociedade de que elas são capazes de lidar com esse tipo de panorama sem qualquer tipo de ônus, o que não é verdade.
“Estes tipos de estereótipos podem levar a uma cobrança e crítica muito fortes, e acreditar que ‘tem que’ dar conta de tudo. Na psicologia este ‘tem que’ seria uma distorção cognitiva, no sentido ‘tenho que’ ou ‘deveria’. A mulher começa a se cobrar muito e a se criticar sem encontrar momentos de descanso e relaxamento. Deixando de aproveitar o momento presente”, afirma Adriane.
Com um cotidiano pesado, é normal e esperado que não seja possível dar conta de tudo. Confira abaixo algumas dicas da psicóloga para lidar com essa pressão.
“Existem várias técnicas que podem ajudar dentro da terapia, sabendo que cada caso é único, se torna importante saber o que funciona para cada pessoa.”
- Técnicas de relaxamento
- Meditação, como Mindfulness e práticas de meditação de compaixão
- Fazer pausas no trabalho
- Rever seus hábitos noturnos. Fazer coisas que realmente te relaxem no período noturno. Ler um livro, ouvir uma música, tomar um chá, manter o celular longe e o ambiente escuro podem ajudar na qualidade do sono
- Começar um hobby, seja ele mais prático ou intelectual
- É muito importante saber pedir ajuda e dizer “não”. O que percebo, como psicóloga, é que muitas mulheres têm dificuldade de pedir ajuda; mesmo sobrecarregadas poucas pedem ajuda. Existem alguns livros, como a Síndrome da Boazinha ou de Autocompaixão da Kristin Neff, que podem ajudar neste processo de aprendizado e, claro, da terapia
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