Ele sempre esteve acima do peso na infância e adolescência, mas os quilos a mais se disfarçavam na altura do paulista Robson dos Santos, 28 anos. Ainda na escola, ele chegou a pesar 100 kg, mas a situação piorou quando arrumou o primeiro emprego. “Comecei a ter o meu dinheiro e a fazer as minhas vontades. Comia lanches, pizzas, refrigerante, entre outras coisas gostosas”, lembrou. As baladas com os amigos impulsionaram ainda mais o ganho de peso, com cerveja e porções, Robson chegou a 133 kg e passou a ter problemas de pressão e dores no corpo. Visitas a hospitais o fizeram mudar: em dois anos, ele virou atleta, chegou a 93 kg, 13% de gordura corporal e sonha em completar a prova Ironman, no domingo (25), em Florianópolis.
“Tudo pode acontecer, estou tranquilo, mas quero fazer em 12 horas tudo, largando às 7h e chegando às 19h”, contou. O Ironman é o maior evento de Triathlon do mundo e desafiará os atletas a nadar 3,8 km, pedalar por 180,2 km e correr 42,2km. Para chegar ao condicionamento físico atual, Robson teve que fazer exercícios no intervalo do almoço e após o trabalho, cortar os alimentos que prejudicavam sua saúde, as bebidas alcoólicas e seguir uma dieta saudável. “Minha qualidade de vida melhorou, a hipertensão deixou de ser uma preocupação, me sinto mais seguro e determinado”, contou. Para a transformação, foram dois anos de batalha.
Quando adolescente Robson praticava diversos esportes e até tentou dietas sem acompanhamento. “Tomei shake, mas depois que parei engordei o dobro”, lembrou. No Ensino Médio, já com 100 kg ele começou a ter destaque jogando hadebol, como era alto, ele tem 1,85 m de altura, e obeso “impunha respeito”. Nessa época, pães, leite, chocolate e bolachas faziam parte da alimentação. Uma lesão no ombro obrigou Robson a dar um tempo no esporte e com isso chegou a 120 kg. “Nunca me senti gordo, olhava no espelho e não me incomodava com a silhueta. Sempre falava que o meu peso era tudo aquilo pois tinha ossos pesados”, contou.
Quando atingiu 133 kg, o corpo começou a reclamar. Robson passou a ter dificuldade para dormir, pois sentia dificuldade para respirar em algumas posições na cama; cortar as unhas dos pés se tornou mais difícil; as roupas já não serviam como antes; e o calor fazia parte da rotina diária dele. “Saía do banho e já estava suando, me arrumava e a camiseta ficava molhada. Caminhar até o shopping me deixava molhado de suor”, relatou. Além disso, ele passou por um constrangimento em sua primeira viagem de avião, pois a poltrona era “apertada demais”.
“Certa noite comecei a sentir uma palpitação e fui para o hospital. O eletrocardiograma não deu nada, mas minha pressão estava 22 por 13 e fui medicado. Passei a noite lá e no dia seguinte fui liberado com um quadro severo de hipertensão e uma bateria de exames para investigar a causa”, contou. Semanas depois, Robson levantou para ir trabalhar e mal conseguia abaixar para amarrar o tênis, por conta de uma dor intensa nas costas. “Fui ao médico e estava com inflamação do nervo ciático. Eu não conseguia sentar, ou ficava em pé, ou deitava”, disse ele. Diante da situação, Robson decidiu mudar seus hábitos. Comprou uma bicicleta, buscou auxílio de um nutricionista, além de praticar natação, musculação e corrida.
Em 45 dias, ele perdeu 15 kg e a cada semana a balança trazia boas notícias a Robson. Foi quando ele participou de uma prova de triathlon indoor, em uma academia de Ribeirão Preto, que surgiu o desejo de investir na carreira de atleta. “Fiquei em último lugar, mas descobri como eu era forte”, disse. “Os barzinhos e baladas diminuíram, pois passei a ter compromissos todos os dias, quando eu saía, jantava em casa antes para não comer nada no bar. Bebidas alcoólicas só aos finais de semana e com o tempo nem isso, porque eu treinava também aos sábados e domingos”, detalhou.
Ainda em 2012, o aspirante a atleta estabeleceu como meta participar do Ironman em 2014. Passou a treinar para as provas diariamente, participar de maratonas e competição similares à que acontecerá neste domingo. Para o Ironman 2014, foram quatro meses e meio de preparação específica: “tive que abdicar de festas, reuniões com os amigos, viagens em família e horas de sono”, contou. Além de treinos duas vezes ao dia, que conciliava com o trabalho, Robson ficava até 14 horas se preparando para a prova aos finais de semana. Às vezes acordava às 3h para treinar. “Amanhã vou realizar um sonho que começou há dois anos, muitos me achavam louco, mas eu consegui”, concluiu.