Casa de Criadores desfila Amazônia, umbanda e protesto

6 dez 2024 - 17h06

A 55ª edição da Casa de Criadores começou nesta quinta-feira (5) com passarela montada sob o Viaduto do Chá, recebendo 6 desfiles dos 40 que acontecerão até o próximo dia 10. Um ode ao saberes dos povos originários da Amazônia, à umbanda, além de protesto contra o assassinato de travestis marcaram o dia. Apesar da chuva torrencial, que causou alguns problemas técnicos no inicio dos defiles, o cenário com o prédios que circundam o Vale do Anhangabaú levou um ar urbano e de rua às apresentações.

Maxi Weber no fim do desfile do Studio Ellias Kaleb
Maxi Weber no fim do desfile do Studio Ellias Kaleb
Foto: Marcelo Soubhia/ @agfotosite / Elas no Tapete Vermelho

O público que passa pelo local também tem acesso visual à passarela, o que leva a uma relexão sobre a democratização da moda. Tanto que, mesmo sob chuva, algumas pessoas paravam para ver os desfiles.

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Sioduhi Studio

Desfile de Sioduhi Studio na Casa de Criadores
Foto: Marcelo Soubhia/ @agfotosite / Elas no Tapete Vermelho

O primeiro a mostrar suas peças foi o Sioduhi Studio, do designer indígena Sioduhi, que do povo Pitatapuya  do Alto Rio Negro, com a coleção "Kahtiridá: Fio da Vida". O estilista levou peças confeccionadas por artesãs de São Gabriel da Cachoeira e Novo Airão, e utilizou biomateriais fornecidos pela Ilha de Cotijuba, de Belém do Pará.

Desfile de Sioduhi Studio na Casa de Criadores
Foto: Marcelo Soubhia/ @agfotosite / Elas no Tapete Vermelho

Trabalhos em algodão emborrachado, recortes inesperados, looks em tecidos leves, com estilo urbano, além de outras peças trabalhadas em tear, em cores como laranja, azul e vermelho, permeadas por neutros, como bege, se cruzaram no desfile, até culminar com o look todo vermelho, que representava a  "Duhigó", a primeira mulher responsável pela criação do mundo conforme transmissão oral do Alto Rio Negro. A mulher que segura o Kahtiridá - Fio da vida, que batiza a coleção.

Riddim

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Desfile da Riddim, na Casa de Criadores
Foto: Marcelo Soubhia/ @agfotosite / Elas no Tapete Vermelho

Com a coleção Ori, a Riddim misturou peças de streat style com trabalhos manuais, como crochê e tricô. Um pouco da moda periférica com elementos da Jamaica fizeram um desfile dançante, em que uma saia balonê, por exemplo, vinha acompanhada de uma blusa toda trabalhada à mão em crochê, ou a bermuda larga com top de crochê.

Desfile da Riddim, na Casa de Criadores
Foto: Marcelo Soubhia/ @agfotosite / Elas no Tapete Vermelho

Leandro Quaresma

Desfile de Leandro Quaresma, na Casa de Criadores
Foto: Marcelo Soubhia/ @agfotosite / Elas no Tapete Vermelho

O estilista Leandro Quaresma transformou a passarela em terrero de umbanda, ao criar roupas inspiradas em sua religião. Daí babados, cores como vermelho, preto, azul, branco, verde e amarelo-ouro se cruzavam na passarela ao som de atabaques e músicas de matizes das religiões com matizes africanas.

Desfile de Leandro Quaresma, na Casa de Criadores
Foto: Marcelo Soubhia/ @agfotosite / Elas no Tapete Vermelho

Studio Ellias Kaleb

Desfile do Studio Ellias Kaleb
Foto: Marcelo Soubhia/ @agfotosite / Elas no Tapete Vermelho
Desfile do Studio Ellias Kaleb
Foto: Marcelo Soubhia/ @agfotosite / Elas no Tapete Vermelho

Tules tingidos, tramas com aspecto de veludo, volumes em babados, sobreposições de tiras ganharam vida e alma num movimento em tons variados no desfile performático e irrevente do Studio Ellias Kaleb, que teve como tema "Entrelaçamento".

Maxi Weber no desfile do Studio Ellias Kaleb
Foto: Marcelo Soubhia/ @agfotosite / Elas no Tapete Vermelho

Daí tantos fios misturados. Na passarela, a maquiadora trans Maxi Weber, responsável por segurar no final um enfeite com frutas penduradas, que foram distribuídas à plateia.

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Mockup

Desfile da MOCKUP, na Casa de Criadores
Foto: Marcelo Soubhia/ @agfotosite / Elas no Tapete Vermelho

A marca Mockup, do estilista Jair Baptista, apresentou a coleção MKP3000, numa São Paulo meio Blade Runner, futurista e distópica, com belos trabalhos em materiais de descarte, como resina, látex e retalhos, que criam peças que combinaram perfeitamente com o caos de um futuro de caos, mas com fios de esperança. "Cada peça interage com o corpo em movimento, ondulando e se transformando a cada passo, refletindo a beleza dos momentos transitórios e a constante mutabilidade em meio ao caos", explicou no material de divulgação. E foi exatamente isso o que foi visto na passarela.

Desfile da MOCKUP, na Casa de Criadores
Foto: Marcelo Soubhia/ @agfotosite / Elas no Tapete Vermelho

Guma Joana + Sukeban

Desfile GUMA JOANA + SUKEBAN, na Casa de Criadores
Foto: Marcelo Soubhia/ @agfotosite / Elas no Tapete Vermelho

A última a se apresentar no primeiro dia foi a Guma Joana, em parceria com Sukeban realizam um desfile-manifesto-intalação, contra a morte de travestis e transexuais brasileiras, ainda em alta no Brasil, país que mais mata homossexuais e transgêneros, mas com foco nas operações deflagradas na época da ditadura militar, chamada "Operação Tarântula". A grife também colocou na roda a moda circular, usando peças que já existiam e seriam abandonadas, dando nova vida às roupas, feitas principalmente de tricôs e crochês.

Guma Joana + Sukeban na Casa de Criadores
Foto: Elas no Tapete Vermelho
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