Apresentação ao ar livre é a primeira do gênero desde a revolução comunista, em 1959. Opulência do desfile contrasta com roupas simples da população cubana, que só pode assistir ao espetáculo de longe.
A grife francesa Chanel organizou na terça-feira (3) o primeiro desfile de moda em Cuba desde a revolução comunista de 1959, levando para Havana estrelas como a modelo brasileira Gisele Bündchen e atriz britânica Tilda Swinton.
Durante um desfile de 25 minutos com música cubana de fundo, os modelos desfilaram por um trecho de 160 metros do Paseo del Prado, um passeio público dos tempos da Havana colonial. Entre os modelos cubanos que participaram do desfile estava um neto do líder revolucionário Fidel Castro, Tony.
O diretor criativo da Chanel, o alemão Karl Lagerfeld, afirmou que a sua coleção Cruise foi inspirada na "riqueza cultural e na abertura de Cuba". As peças casuais de verão da coleção são inspiradas na elegância art déco da Cuba pré-revolucionária.
A maior parte da população de Havana, porém, teve de acompanhar a apresentação de longe, pois centenas de seguranças mantiveram curiosos afastados do desfile e das celebridades. Só convidados podiam entrar na área reservada. Muitos cubanos se aglomeraram em sacadas e janelas de casas das redondezas para ver ao menos um pouco do desfile.
Os produtos da Chanel não estão à venda em Cuba, e a ampla maioria da população não pode nem pensar em adquirir roupas e bolsas que custam milhares de dólares. Cerca de 70% dos trabalhadores cubanos trabalha para o Estado, com um salário médio de 25 dólares por mês. Assim, a opulência do desfile contrastava com as camisetas e bermudas simples dos cubanos que, de fora, tentavam espiar para ver o que acontecia na área reservada.
O desfile da Chanel é mais um sinal da abertura de Cuba ao capitalismo ocidental, depois da visita do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, do show dos Rolling Stones e do primeiro cruzeiro marítimo a partir dos EUA para a ilha caribenha, nesta segunda-feira.