Uma fotografia de Salvatore Ferragamo (1898-1960) calçando sapatilhas nos pés da dançarina e coreógrafa norte-americana Katherine Dunham (1909-2006) nos anos 1950 foi o ponto de partida para o designer britânico Maximilian Davis (30) desenvolver sua nova coleção.
Muitas referências no balé, especialmente nos trajes mais casuais, usados geralmente para o treino, são encontradas aqui. Collants, meias-calças, fitas, tops curtos e ajustados por amarrações, a paleta refinada que passeia por rosa opacos, tons outonais, cinza e preto.
Davis propõe um aspecto mais informal e humanizado do balé ao explorar seu lado estético mais relaxado. Essa liberdade também pode ser notada na amplitude de suas criações, com foco na matéria-prima delicada.
Parcas compridas ao estilo paraquedas que se abrem conforme o andar, os trench-coats de materiais leves com a cintura rebaixada e os vestidos sem alça nervurados em um formato ovalado revelam as intenções do estilista no sentido de trazer liberdade de movimento às suas peças, mesmo com uma base de inspiração tão atrelada à disciplina.
Outro elemento que transforma nossas perspectivas iniciais sobre o balé e que é bastante usado nesta coleção é a funcionalidade. Bolsos evidentes, recortes que reconfiguram o sentido original de uma peça, barras elásticas e bolsas de dimensões maiores trazem uma nuance utilitária ao balé conduzido por Maximilian Davis, formando um equilíbrio esperto entre a delicadeza e o dinamismo.
As texturas são um outro atrativo da coleção. O efeito amassado, o couro vazado e as fitas que formam padrões circulares e se desdobram em franjas causam efeito tátil muito interessante e foram inspiradas nas obras do artista italiano Piero Manzoni (1933-1963).
"Eu sempre incorporei diferentes épocas históricas em todo o meu trabalho — épocas que parecem relacionadas a mim e à minha herança", explicou o estilista, sobre a nova coleção.