O Brasil é famoso por exportar a beleza de suas modelos para o mundo todo, mas também está de braços abertos para receber meninas que querem apostar na carreira. Foi assim a história de Melaine Araújo, de 25 anos. Ela foi tão bem recebida quando chegou no Ceará para estudar publicidade que acabou descobrindo sua verdadeira vocação: a moda.
Nascida em Cabo Verde, país africano formado por um conjunto de ilhas, ela desembarcou em Fortaleza em 2009 para fazer faculdade de publicidade depois de ter se encantado com o País de tanto assistir as novelas da Record exibidas por lá. No entanto, um passeio no shopping mudou os rumos de sua estada em terras cearenses. “Um mês depois que cheguei aqui um olheiro me viu em um shopping e pediu para mandar fotos, só que nem dei importância. Mas as pessoas falavam muito para eu virar modelo e foi assim que começou, fazendo algumas coisas de vez em quando, mas não queria seguir carreira”, contou ao Terra em conversa no backstage de um dos desfiles que ela fez durante o Dragão Fashion Brasil, semana de moda local.
Cinco anos depois da descoberta, Melaine faz com frequência trabalhos como modelo pela região nordeste do País, adotou a moda para a vida e sonha em crescer profissionalmente. “Virar a Gisele Bündchen sei que não vou, mas quero pelo menos ir levando essa carreira. Por enquanto, estou aqui em Fortaleza, mas quero ir para São Paulo e de lá, para fora”. Ela termina o curso de publicidade no fim deste ano e depois disso quer se dedicar mais aos trabalhos de modelo e também focar os esforços da faculdade em prol do mercado fashion.
Medo do Cidade Alerta
Se a curiosidade de conhecer o País veio depois de ver as belezas “das praias do Rio de Janeiro” nas novelas, as tragédias urbanas mostradas nos programas policiais quase colocaram fim ao sonho. “Pedi aos meus pais para vir estudar aqui, mas eles tinham uma visão diferente da minha por causa do Cidade Alerta [da Record], que só passava violência, morte, essas coisas. Fiquei tentando três anos para conseguir vir para cá porque minha mãe não queria. Ela preferia que eu fosse para China, mas menos para o Brasil”, lembra.
Sem sucesso ao tentar convencê-la, o jeito foi apelar para o lado emocional. “Como não consegui em outro lugar, disse que se não fosse para o Brasil, não ia estudar mais, não ia fazer nada da minha vida. Então ela disse ‘vamos tentar’”.
Após a aprovação da família, um convênio entre o governo de Cabo Verde e a Universidade Federal do Ceará garantiu uma vaga a Melanie na sala de aula, mas todo o resto foi por conta dela. “Minha segunda opção era estudar psicologia em Goiás, mas fui aceita em Fortaleza. Eu não conhecia, mas minha madrinha já tinha vindo e disse que era bem parecido com Cabo Verde por causa das praias e do clima”.
Vida em Fortaleza
No período vivendo na cidade, Melaine já é de casa. Repete o famoso “pronto”, gíria que os cearenses usam antes para começar praticamente todas as conversas. Apesar de Cabo Verde também ter o português como língua oficial, estes costumes locais dificultaram um pouco a vida da modelo nos primeiros meses. “Demorei muito para aprender as gírias, elas são muito confusas”.
Segundo ela, a melhor coisa de se morar na cidade são os “amigos de verdade” que conquistou e a única reclamação foi ter sido vitima da violência que a família via na televisão. “Eu fui assaltada uma vez no ônibus. O cara tirou meu celular, eu reagi, tomei de volta, ele tirou de volta de novo. Imagina? Nunca me senti com medo, sempre saia tranquila, mas depois disso, fico com medo, mas o resto, eu adoro essa cidade”, comentou.
Além de Fortaleza, Melanie já esteve em São Luis (MA), Belém (PA), Teresina (PI), Palmas (TO), Recife (PE) e Natal (RN). O que falta? “Conhecer o Rio é meu sonho. Já estou fazendo planos”, contou.
Felipe Titto é o rei!
Além das paisagens, os brasileiros também encantam a modelo. Solteira, Melaine elogiou o jeito dos homens daqui, bem mais desenvoltos do que os de seu país. “Alguns são lindos, muito legais. São comunicativos, chegam mesmo, são carinhosos, diferentes dos africanos que alguns são mais conservadores, mais machistas”. E dentre tantas opções nas ruas e nas novelas, Melanie elegeu seu brasileiro preferido. “O que me causou a melhor impressão foi o Felipe Titto, aquele ator todo tatuado de Amor à Vida”, explicou.