Ao se instalar na Casa Branca, em 1961, Jacqueline Kennedy mudou o status de primeira-dama no planeta. Tornou-se tão famosa e admirada que ofuscou o marido, o presidente dos Estados Unidos, John Kennedy.
A partir dela, o posto de mulher do governante passou a atrair mais atenção em quase todos os países republicanos, inclusive o Brasil. Aqui, naquela mesma época, Maria Thereza Goulart, com 25 anos, ascendia à fama ao lado do presidente João Goulart.
Ela foi eleita pelas revistas norte-americanas ‘People’ e ‘Time’ como uma das primeiras-damas mais belas e elegantes do mundo. Virou um ícone de moda, vestindo criações de alta costura de grandes estilistas, como o lendário Dener Pamplona de Abreu.
Desde então, a imprensa, os costureiros e o público monitoram o estilo de cada primeira-dama a aterrissar em Brasília. Não seria diferente com Janja da Silva. A mulher de Lula tem dividido opiniões com escolhas não óbvias ao se vestir.
Exemplo disso aconteceu nas redes sociais em relação ao vestido usado pela socióloga em um casamento, no último fim de semana de julho. A estampa quadriculada foi elogiada por muitos e comparada a toalha de mesa, bandeira de Fórmula 1 e tabuleiro de xadrez por tantos outros.
Divisão semelhante ocorreu com o traje laranja desfilado por ela na coroação do rei Charles 3° em Londres e o terno champagne com bordados usado na posse presidencial.
Janja foi colocada no assento do réu do ‘tribunal fashion’. Sua antecessora na posição, Michelle Bolsonaro, também gerava elogios, críticas e ironias pela moda evangélica predominante em seu closet. Nem o look preto Jackie O. visto no funeral da rainha Elizabeth II foi unanimidade.
Muito antes delas, Rosane Collor horrorizou os fashionistas tradicionais com vestidos e tailleurs com estampas chamativas e cores vibrantes. Era chamada de cafona, ainda que representasse a paleta dos trópicos. O povo gostava e copiava. Ela até posou para a capa da revista ‘Manequim’.
Sempre que uma nova primeira-dama chega no Palácio da Alvorada, a indústria da moda cria a expectativa de que ela será uma espécie de garota-propaganda das principais marcas nacionais para projetar as etiquetas ‘made in Brazil’ no exterior.
Os entusiastas dessa ideia quase sempre se decepcionam. Prevalece o gosto pessoal de cada esposa de presidente. Foi assim também com Dilma Rousseff, a única mulher no principal cargo do Executivo na história do Brasil.
Na campanha de 2010, o premiado estilista Alexandre Herchcovitch foi contratado como consultor para sofisticar o visual da candidata ao Planalto. A parceria durou menos de dois meses. Dilma preferiu continuar a usar seus paletós largos. A moda e o poder dificilmente rendem uma costura perfeita.