O estilista Raf Simons resolveu dar uma volta ao mundo para criar os 53 modelos do desfile de alta-costura da Dior, numa tenda armada atrás do Museu dos Invalides, em Paris. Em duas apresentações, para acomodar as cerca de 900 pessoas convidadas, como a ganhadora do Oscar Jennifer Lawrence, a modelo e agora atriz Natalia Vodianova e a socialite Olivia Palermo. Na passarela, a brasileira Daiane Conterato desfilou com um vestido reto em três cores: azul-claro no dorso, uma faixa amarela e a saia preta.
"Eu comecei a olhar as clientes de alta-costura de diferentes continentes e de diferentes culturas e seus estilos próprios. A coleção não é somente em torno de um Dior parisiense ou francês, mas em torno de um Dior confrontado com o mundo inteiro e como essas culturas de moda podem influenciar a maison Dior e eu mesmo", disse Raf Simons no material de divulgação.
Esse olhar pelo mundo foi dividido pelos quatro continentes: Europa, Américas, Ásia e África. O desfile foi se desenrolando dessa forma, como vestidos, saias, lenços, blazers que seguiam os estilos ecléticos de tais culturas. Tudo dentro da maestria dos bordados e outros trabalhos dos ateliês de alta-costura. Nas paredes, imagens das modelos que representavam os continentes com as roupas que acabavam de desfilar eram projetadas sobre fundo de flores. Os cliques foram de Patrick Demarchelier (Europa), Willy Vanderperre (Américas), Paolo Roversi (Ásia) e Terry Richardson (África).
As peças não eram tão explícitas nem alegóricas. Ecléticas, sim. Lenços nos pescoços acompanhavam paletós, calças e casacos, em tons como azul-bic, por exemplo. Numa outra sequência, listras amplas em tons fortes, como vermelho, verde e abóbora combinadas com outras listras pretas. A estampa entrou também em modelos totalmente bordados com brilho. Outra sequência trazia a mistura de listras e xadrez em tecidos transparentes, alguns deles com efeito plastificado. Transparência também apareceu em vestido longo, com saia ampla, usado sobre hot pants, e numa blusa usada com uma saia branca com três camadas de tecido plissado.
Nem dá para dissecar todos os looks, de tantos e tão sortidos, mas vale salientar as aplicações de pequenas plumas coloridas, que formavam delicadas flores, sobre fundo preto num vestido longo. Longos tomara que caia com saia ampla, mas sem exageros. Tinha ainda longo retos e vestidos de coquetel, vestidos de gala, alguns mais longos, outros mais curtos. Alguns com franjas outros em tecidos planos.
E, claro, o icônico tailleur Bar, com cintura basque (mais ampla na região dos quadris), e saia reta, não faltou, como o conjunto com dois xadrezes: príncipe-de-gales na parte de cima e pied-de-poule, na debaixo. A partir da cintura, bem marcada por um cinto, aplicações de paetês transparentes para produzir um efeito plastificado.
Nos pés, de escarpins com tiras no tornozelo e salto com leve curvatura para dentro a botas de cano baixo e com brilhos. Nos lábios, batons com glitter; os cabelos vinham presos. Alguns brincos que contornavam as orelhas e cintos grossos também em vestidos longos.
Se o desfile da Dior, e principalmente os da alta-costura, não se traduz mais nos espetáculos propostos por ex-estilista da marca John Galliano, Raf Simons acabou mostrando uma coleção eclética, para agradar clientes de todas as partes do mundo. Ok, pode haver uma crise mundial, mas em vários cantos da Terra, há clientes endinheiradas. Raf Simons captou essa mensagem e mostrou nessa coleção que a Dior pode, e deve, agradar a todas.