Os desfiles de Paris já terminaram e muitas brasileiras brilharam nas passarelas e nas primeiras filas. Uma delas fez sua estreia internacional e foi um dos destaques do desfile da grife do estilista Rick Owens. Trata-se da modelo trans Lana Santucci, que integra a nova geração de modelos que traz representatividade à moda, evoluindo o debate sobre identidade de gênero.
A modelo paulista desfilou de forma marcante para o estilista, que mostrou sua coleção com formatos inusitados e amplos, inspirados em donuts, entre outros, nos jardins do Palais de Tókio. A imprensa internacional e especializada apontou os looks vermelhos mostrados no desfile como a grande novidade de Owens, que sempre teve um olhar soturno e escuro em suas coleções.
E foi exatamente um look vermelho que Lana desfilou, na atmosfera ainda que meio gótica e estranha do estilista, cuja apresentação contou com "I Still Believe in Love", de Diana Ross, na trilha sonora, enquanto pétalas de rosa "choviam" sobre o lago do espaço externo do Palais de Tokio. Todas as modelos contavam com lentes de contatos escuras, que tampavam o branco dos olhos.
Lana integra a nova geração de modelos que traz representatividade à moda, evoluindo o debate sobre identidade de gênero - onde tornou-se importante voz na luta pela inclusão de modelos trans e pelo respeito à diversidade. No currículo, reúne trabalhos para M.A.C, Vivara, Paula Raia e À La Garçonne, de Alexandre Herchcovitch, desfiles na São Paulo Fashion Week, editoriais em publicações como Vogue Brasil e Portugal, Elle, Glamour e L'Officiel, além de ter sido clicada por nomes prestigiados, como Bob Wolfenson. No Brasil, é representada pela JOY Management, responsável por tops consagradas como Lais Ribeiro e Aline Weber.
Formada em Negócios da Moda, a modelo concilia as passarelas e campanhas com a faceta de palestrante: falando sobre identidade e representatividade, tem sido requisitada para palestras realizadas por grandes empresas. "É uma questão muito importante para mim. Quero abrir mais portas para mais pessoas trans, ser reconhecida no trabalho como modelo e levar essa mensagem da diversidade comigo durante toda minha trajetória", afirmou.
Em entrevista ao "Elas no Tapete Vermelho", em junho de 2022, Lana disse foi aceita por sua família, mas já revelou que chegou a ser desrespeitada, por ser trans, em sets de moda, onde atua desde 2019, após participar do reality "Born To Fashion", do Canal E! e receber convite de Alexandre Herchcovitch para fechar o desfile da grife À La Garçonne, em setembro daquele ano. "Eu nem pensava em trabalhar com moda", afirmou Lana, que já foi gamer de sucesso. "No universo dos jogos, já ouvi muitos comentários maldosos, mas aprendi a lidar com isso", revelou.