SPFW: Maya Massafera e top indígena desfilam no Museu do Ipiranga

11 out 2024 - 17h53

O primeiro dia da 58ª edição do SPFW, que começa na próxima segunda-feira (14), com a maioria dos desfiles no Parque Ibirapuera, terá duas apresentações ocupando espaços fora do "endereço oficial". O primeiro, às 11h, no Complexo Cultural Júlio Prestes, de Alexandre Herchcovitch. À tarde, às 15h30, o Projeto Ponto Firme ocupará o Museu do Ipiranga, que fica no local onde Dom Pedro II proclamou a Independência do Brasil. E entre os destaques do desfile, estarão a influencer trans Maya Massafera, pela primeira vez numa passarela, e a modelo Dandara Queiroz, também atriz da Globo e que é engajada no ativismo indígena.

Dandara Queiroz e Maya Massafera
Dandara Queiroz e Maya Massafera
Foto: Divulgação/Reprodução/Instagram / Elas no Tapete Vermelho

"Eu, como mulher indígena, desfilando num local ocupado pela colonização portuguesa no Brasil, um marco da tal Independência do Brasil, numa posição de modelo, é uma vitória para meu trabalho como artista. É uma conquista para minha ancestralidade e para as pessoas que se inspiram na minha profissão", afirmou Dandara, que já desfilou para o Projeto Ponto Firme, criado e dirigido pelo estilista Gustavo Silvestre.

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Dandara Queiroz
Foto: Divulgação / Elas no Tapete Vermelho

"A marca é muito importante pra mim. A Ponto Firme faz parte da minha história desde a primeira temporada. Já chorei de emoção na passarela deles em dois desfiles. Por isso, sempre é especial", revelou Dandara, de origem tupi-guarani, que faz a personagem Benvinda no novela "No Rancho Fundo", além de compartilhar em suas redes sociais e eventos pinturas corporais indígenas feitas com produtos naturais, como jenipapo e o urucum.

Ponto Firme

Gustavo Silvestre
Foto: Divulgação / Elas no Tapete Vermelho

O estilista Gustavo Silvestre criou o Projeto Ponto Firme, em 2015, com detentos egressos do sistema prisional de São Paulo, e depois ampliou o trabalho para pessoas em situações de vulnerabilidade. No desfile do SPFW, trará looks com o chamado "tecido de crochê", resultado de quase uma década de estudos desta técnica manual que Silvestre domina e ensina. "Consiste em um trabalho 100% manual, que utiliza os mais diversos tipos de materiais embutidos na trama do crochê, usando fio Cordonê da Círculo, que é levemente cintilante, para poder construir peças com brilho na medida certa, luxuosas e coloridas harmonicamente", detalhou o estilista no material de divulgação.

Tecido de crochê criado por Gustavo Silvestre
Foto: Divulgação / Elas no Tapete Vermelho

A coleção, que trará 40 looks em passarela montada na área externa do Museu, é um desdobramento da pesquisa sobre esse novo tecido, que aparecerá de forma inusitada em vestidos, macacões, saias e tops. "São looks inéditos e exclusivos que exaltam a beleza e o

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caimento dessas tramas únicas tecidas com paetês especiais. Muitos deles totalmente sustentáveis, desenvolvidos a partir do descarte da indústria do plástico", comenta Silvestre. Cada peça de crochê executada pode ter até nove profissionais envolvidos de ponta a ponta em todas as etapas, até 500 horas de produção, mais de 450 metros de fios em crochê e mais de 2,8 mil paetês de materiais recicláveis utilizados.

Museu do Ipiranga
Foto: Divulgação / Elas no Tapete Vermelho

A locação surpreendente e simbólica é uma das características do estilista e sua marca homônima, que já desfilou no ano passado no icônico Edifício Copan, sendo um grande destaque. "Desde as últimas edições, buscamos nos aproximar de espaços públicos que são símbolos da cultura de São Paulo e do Brasil para apresentar nossos desfiles. Queremos ir além da proposta de ser apenas uma passarela, e proporcionar uma experiência única

para o público, numa atmosfera que tem tudo a ver com a celebração da cultura brasileira", explicou Silvestre, que faz ainda um alerta sobre cópias dos produtos criados por ele e pela sua equipe do Ateliê Ponto Firme, projeto que transforma vidas através do crochê, oferecendo uma alternativa de renda para pessoas que já estiveram em situações de vulnerabilidade social.

"Com essa exposição, é natural sermos inspiração para outras pessoas, muitos artesãos que admiram nosso trabalho. Mas quando outras empresas e marcas se apropriam de uma criação genuína como a nossa, isso não apenas prejudica o reconhecimento da nossa marca, mas também desvaloriza o trabalho artesanal e o impacto social que ele gera. Cópias enfraquecem a inovação e criam uma cultura na qual o design autoral é subestimado", afirmou.

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Collab entre Gustavo Silvestre e Germanier
Foto: Gregoire Avenel/Divulgação / Elas no Tapete Vermelho

"É essencial proteger o processo criativo para que iniciativas como a nossa possam continuar promovendo transformações positivas no Brasil e no mundo. Estamos empenhados em dar atenção à propriedade intelectual das nossas criações para inibir que elas sejam copiadas e vendidas no atacado por um valor muito abaixo do que realmente vale todo o trabalho e talento de quem está na produção manual dessas peças", complementou o estilista, que em setembro desfilou sua quarta colaboração com o com criador Kevin Germanier na Paris Fashion Week, com 10 pelas feitos em parceria com o criador suíço, com inspiração nos signos do Zodíaco.

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