São Paulo Fashion Week sem Alexandre Herchcovitch não seria o mesmo. Nesse ponto, pelo menos, ninguém pode reclamar. Após se desligar, em fevereiro, da grife que leva seu nome, acaba de desfilar para a marca À La Garçonne, de seu marido Fabio Souza, proprietário da loja de decoração e objetos vintage. A porta da sala parecia uma volta ao tempo. Estavam lá na fila Tufi Duek, em carne e osso, Marcello Sommer, também o próprio, além das modelos Luciana Curtis e Geaninne Marques, musa do estilista desde o início da carreira.
Coincidência ou não, Tufi e Sommer também perderam as marcas que levam seus nomes para as empresas com quem se associaram. “Vim prestigiar o evento como um todo e não apenas Herchcovitch”, afirmou Tufi, que garantiu não ter saudades dos tempos em que dava corridinhas ao final de cada apresentação de suas marcas.
Se a coleção não leva mais o nome do criador, sua alma e DNA estavam em todas as peças. Não poderia ser diferente. Os 47 looks apresentados mostraram a mão firme e forte de Herchcovitch em cada detalhe. Uma alfaiataria primorosa, peças de neoprenes em sapes de moletom, xadrezes, macacões, pastelonas, casacos, vestidos. Idem nos looks masculinos.
A marca é vintage, assim muitos dos tecidos e peças usadas também o são. Herchcovitch pegou peças antigas, como jaquetas feitas de couro e estilo militar e mandou pintar à mão, assim como malas de couro e bolsas antigas. Tecidos vintage também foram reutilizados, como sarjas de algodão, veludos, lãs risca-de-giz. Outras peças foram confeccionadas com lona de algodão reciclada. Se alguém tinha dúvida se Herchcovitch continuaria na moda, o desfile é a resposta. O melhor ainda é saber que a mão do artista trabalha tanto com matérias nobres e tecnológicas quanto com as antigas.