“É uma muvuca só de gente bonita”. Foi assim que a micro empresária Roseli Arruda definiu a performance/desfile que movimentou a linha verde do metrô de São Paulo neste domingo (27). A ação, que reuniu 40 modelos circulando nas plataformas de embarque e vagões do metrô, marcou o início da edição de inverno 2014 do São Paulo Fashion Week, que começa oficialmente na próxima segunda-feira (28) e vai até 01 de novembro, no Parque Villa-Lobos.
Confira a programação do SPFW Inverno 2014
O SPFW já realizou desfiles em diversos lugares público, desde a margem do Rio Pinheiros até parques e teatros, mas pela primeira vez chegou ao metrô. A ideia era um sonho antigo de Paulo Borges e faz jus ao tema Deslocamentos, que foi adotado nesta edição. “É tudo feito na meio das pessoas, com as pessoas. E isso mostra que os processos não estão engessados e que podemos levar a moda para lugares onde nem se imaginava”, disse o CEO da Luminosidade, responsável pela organização da maior semana de moda da América Latina.
A movimentação teve início antes do meio-dia na estação Vila Madalena, onde foi montado um camarim que permitia que o público visse os preparativos, retoque de maquiagem, acertos no cabelo. Ao todo, mais de 150 pessoas, entre organização, maquiadores e cabeleireiros trabalharam para garantir que o show saísse conforme o planejado. “Ver os bastidores cria uma curiosidade ainda maior para saber como vai ser desfile”, comentou a assistente de moda Fabiana, enquanto observava o que se passava por trás da estrutura branca.
Em fila, os 40 modelos – que desfilaram roupas de acervo de 15 grifes que já mostraram as peças na passarela oficial do SPFW – desceram a escada rolante e posaram para um batalhão de fotógrafos e espectadores. Divididos em grupos de 10, eles entraram em vagões separados rumo à estação Vila Prudente. Espalhados em duplas pelo vagão, eles faziam caras e bocas para o público que observava atentamente cada detalhe. “Achei lindo, principalmente a maquiagem. As roupas são extravagantes, mas para passarela funciona”, disse Tay Lopes.
A maioria das pessoas que se espremia para embarcar nos trens junto com a equipe do desfile veio especialmente para o evento. Caso da estudante de engenharia Ana Clara Chaves, que trouxe também a filha de cinco anos, Sara. “Vi na internet e decidi vir. É bem interessante ver de perto, estou adorando as roupas”, disse.
A partir da Vila Madalena, o show continuou pelos 14 quilômetros da linha verde. Nas estações Ana Rosa, Alto do Ipiranga e Vila Prudente, os modelos e o público deixavam os vagões e subiam as escadas rolantes para mais uma performance, tudo ao som de Gigi Suleiman, ganhadora do Movimento HotSpot. A cada parada, era um sobe e desce sem fim, poses e mais poses, tudo diante de infinitos flashes.
“Isso aqui está uma loucura, mas é bem legal porque é bom ver de perto a reação das pessoas”, disse Nathalia Oliveira, que usava um look de Reinaldo Lourenço. Antes da entrevista, a modelo pedia calma ao público na hora do embarque, que era disputado e apertado como qualquer outro dia comum do transporte público da capital paulista. “Gente, as modelos antes, por favor”, disse em uma das paradas.
Pois esta interação de conversar, trocar risadas, pedir uma pose para a foto, tocar os modelos, subir e descer a escada rolante ao lado de um deles, além de dividir o banco do metrô com uma top era a grande sensação do desfile. Acostumados a serem sempre o centro das atenções, os modelos foram ficando mais à vontade ao longo do trajeto, que durou cerca de uma hora e meia, e alguns se misturavam aos passageiros. Tentando se equilibrar em um canto, estava Natan Machado, que se divertiu com a curiosidade do público. “É bem diferente, mas adorei todo mundo olhando, dando risada. É engraçado”, comentou.
Outros modelos já não passavam assim tã desapercebidos. Caso de Dani Witt, que chamava atenção com uma peruca azul e um macacão justo e com aplicações de pedraria da Osklen. A top era disputada pelo público e não se cansou de posar com várias pessoas dentro do vagão. “É diferente de tudo que a gente sempre faz, mas está muito divertido e é uma ótima oportunidade das pessoas verem a moda mais de perto”, disse.
Durante todo o trajeto, elas se equilibravam em saltos altíssimos e algumas precisavam de ajuda para segurar as caldas dos vestidos antes de entrar e sair dos vagões. E, mesmo para os profissionais da moda, o calor e o empurra-empurra, tornou mais difícil manter a pose até o fim. “Está meio complicado equilibrar no salto”, disse Cris Herrmann, que usava look de Alexandre Herchcovitch e, cansada, se sentou ao lado de um passageiro antes de chegar na última parada.
O desfile terminou na estação Vila Prudente, onde todo o elenco fez uma performance nas escadas rolantes. Enquanto alguns apressados pediam licença para passar, outras pessoas não se cansavam de registrar e contemplar os últimos minutos do show. O evento contou com um grande efetivo de organizadores, mais de 25 pessoas da equipe de segurança do metrô e mais de 10 da parte operacional, que sinalizavam o tempo todo para que as pessoas ficassem atrás da linha amarela, limite de segurança nas plataformas.
Terra transmite desfiles do SPFW
O Terra, a maior empresa latino-americana de mídia digital, transmite ao vivo e com exclusividade para web os desfiles da coleção de inverno 2014 do São Paulo Fashion Week, entre 28 de outubro e 1º de novembro. As transmissões acontecem em parceria com o FFW, do Grupo Luminosidade e responsável pelos principais eventos de moda do Brasil.