Fause Haten abre SPFW com marionetes em tamanho real e dança

Estilista fez sua apresentação a céu aberto no Parque da Independência em São Paulo; performances acontecerão outras vezes

25 abr 2016 - 09h07
(atualizado em 27/4/2016 às 11h22)

Já faz tempo que as apresentações de Fause Haten não podem ser consideradas desfiles. E é exatamente isso que ele quer. Capitaneando um projeto do Sesc Ipiranga chamado #ForadeModa, em que outros estilistas também participam, a performance aconteceu na noite deste domingo (24) no Parque da Independência, ao ar livre e com marionetes em tamanho natural manipuladas por bailarinos e, no final, pelo próprio Fause, que cantou uma versão em português da música La Vie en Rose. Pena que o microfone falhou justamente nesta hora, o que gerou comentários do público na saída. “Ele ensaiou tanto e justo na apresentação o som não dá certo”, disse uma das convidadas, que ainda fez a pergunta: “Que história ele quis contar com essas bonecas? Quem era Marlene.”

Na verdade, uma história de amor de uma cantora/diva que é assassinada com tiros, de acordo com relato lido pelo próprio Fause. Os bailarinos que empurravam as marionetes realizavam movimentos de sedução e romance durante a performance. As bonecas idealizadas por Fause, confeccionadas por Virgilio Zago e maquiadas por Ricardo dos Anjos, são inspiradas na canção Lili Marlene, quase um hino dos soldados alemães, mas que se tornou conhecida em inglês pela voz de Marlene Dietrich, durante a Segunda Guerra.

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O desfile foi chamado de Marlene e as marionetes lembram a cantora alemã. As roupas? Nada que tenha tendência ou urgência. Estavam lá vestidos longos e calças com franjas e brilhos; casacos estampados ou bordados; saias amplas presas como moulage, jaquetas mais curtas, sobreposições, misturas de tecidos. O rosa dominou as tonalidades. Aliás, a flor foi tema de um dos textos declamados por Fause, que indicava sua efemeridade depois de colhida e colocada num vaso com água.

Foto: Francisco Cepeda/AgNews

“Quero ser conhecido como a costureira do bairro”, disse o estilista em entrevista antes da apresentação. Instalado agora em seu espaço próprio no Belenzinho, em São Paulo, onde está sua loja e suas roupas, Fause não quer mais estar ligado à produção industrial, lojas e multimarcas. “Eu atendo aos clientes, ao lado dos funcionários, e se um deles quiser uma peça exclusiva, eu faço. As roupas apresentadas aqui não serão feitas em escala para distribuição. Há uma ou outra peça com numeração diferente na minha fábrica/loja e se uma cliente quiser algo parecido, é possível fazer em alguns dias”, contou ele, que cada vez mais mistura moda e arte.

“O Desfile Marlene não é moda, mas está à venda e pode ser vestido, não é teatro, mas pode ser assistido e não é obra, mas pode ser contemplado.” A frase foi dita no texto que antecedeu a apresentação deste domingo. Esta foi a primeira das performances da série “Lili Marlene – um risco”, que integra sua instalação “A Fábrica do Dr. F”, no projeto #ForadeModa. Foram apresentados 20 looks, 14 femininos, nas bonecas, e oito masculinos, vestidos pelos dançarinos que manipulavam as “Marlenes”. A partir delas, uma diferente da outra, será  finalizada a peça teatral a estrear no segundo semestre.

Dança, música, marionetes, roupas confeccionadas a partir de tecidos feitos nas últimas semanas ou reutilizados. Poderia ter sido um pouco cansativo, já que um desfile dura em torno de 10 minutos, mas para uma performance teatral, sob lua cheia e calor, os 25 minutos de duração, passaram rapidinho. Estão ainda previstas apresentações para os dias 30 de abril, 7, 14 e 21 de maio e 4 e 18 de junho, sempre às 21h, no Sesc Ipiranga (Rua Bom Pastor, 822). 

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Fonte: Ponto a Ponto Ideias Ponto a Ponto Ideias
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