O segundo dia da 40ª edição do São Paulo Fashion Week aposta num inverno sensual e confortável. Como num jogo de esconde-esconde, a transparência revela o corpo e se esconde por trás de peças mais pesadas. Seios à mostra, fendas profundas e recortes prometem guiar as passarelas do inverno 2016. A androginia também marca a estação, com peças intercambiáveis entre homens e mulheres, mostrando que quase não há mais regras entre a forma do feminino e do masculino se vestir. Isso ficou explícito com a troca de roupas entre o homem e a mulher na passarela de Ronaldo Fraga.
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Se houve modelos quase nus no desfile do estilista mineiro, o corpo também ficou em evidência na Animale, que trouxe coleção, desenhada por Vitorino Campos, com peças de renda inspiradas em camisolas e camisas brancas (peça herdada do universo masculino), em looks pra lá de femininos. A grife mostrou ainda golas altas, casacos pesados de couro junto com tecidos fluidos. As pantalonas curtas, no meio da canela, também estiveram lá, provando que a peça fica firme e forte para a estação.
Conforto
O segundo desfile do dia foi da grife Uma por Raquel Davidowicz, sempre apostando no conforto, em tecidos como couro e moletom leves e fluidos, trabalhados com sobreposições e assimetrias. Entre os destaques da apresentação, os cabelos armados e desfiados das modelos, que pareciam ter levado um eletrochoque; e as bolsas, como as de alumínio amassado, com forro ou não de couro, que podem ser dobradas para levar na mala se ocupar espaço. E também os modelos a tiracolo, que se transformam em pochetes quando presos aos cintos. A androginia também marcou os looks. Os meninos ganham silhuetas alongadas, com camisetas que lembram túnicas e parkas amplas. Peças que podem transitar pelo guarda-roupa feminino sem problema algum.
Amor
Ronaldo Fraga subverteu mais uma vez a ordem das coisas, mostrando que uma mesma roupa pode ser usada homens e mulheres, retirando qualquer resquício de preconceito. Ele toca numa ferida aberta, quando há uma divisão de opiniões e quando muita gente caminha para um lado retrógrado no que diz respeito a relações amorosas. Fraga fez modelos se trocarem na passarela, meninos usarem saia transparente e colocou vários modelos nas camas que faziam parte do cenário. Tramas, sobreposições, vestidos retos, poemas eróticos de Hilda Hilst vazados em peças brancas, além de bordados e corações em formato científico se misturam. Vermelho, roxo e flores enfeitavam esse órgão que representa o amor. Mais uma vez, o estilista baiano levou a plateia às lagrimas nessa ode ao "amor em tempos de guerra".
Tops
Para terminar o dia no prédio da Bienal do Ibirapuera, para onde o evento voltou após algumas edições no Parque Cândido Portinari, a grife Lilly Sarti apostou em modelos estreladas, como Aline Weber, Carol Ribeiro, Vivi Orth e Daiane Conterato, para contar sua inspiração no misticismo. Uma silhueta alongada e longilínea foi a proposta da grife paulista. Vestidos, saias e casacos longos, calças flare, coletes de pele, vazados e partes do corpo à mostra também pontuaram a coleção. A sensualidade ficou a cargo dos recordes nas cinturas, das fendas com botas de cano alto, dos vazados e, claro, das transparências. Vale ir se preparando para deixar partes do corpo à mostra no inverno.