Se antes, uma transparência aqui, outra ali era motivo de espanto, nos últimos desfiles, praticamente todos os estilistas quiseram mostrar uma fatia do corpo feminino, com foco nos seios. Nas aulas de história da moda, aprendemos que um dos motivos de o ser humano começar a usar roupas era exatamente o pudor, aliado à proteção às intempéries e ao adorno, como sempre explicou o professor e historiador João Braga. Pois bem, o quesito pudor saiu da lista de tendências para que a transparência como meio de expressão tomasse as passarelas. Ao lado dela, fendas e recortes, ainda que menos ousados que outras temporadas.
Mas vamos com calma. O que os desfiles de inverno 2016 mostraram não necessariamente tem de ir para as ruas. A ausência de sutiãs e tops na maioria dos desfiles é efeito de passarela, para, propositadamente, saírem matérias e a mídia comentar, como estamos fazendo aqui.
Na vida real, há sempre opções mais charmosas e não menos sexies do que deixar tudo à mostra. E isso não significa preconceito, mas bom senso. Sim, cada um faz o que quer e mostra como quiser o corpo, ainda mais num país como o nosso, com dimensões continentais e tropicais. Elegância, porém, significa estar vestido de acordo com o ambiente aonde se vai. Por isso, se na passarela é possível transparências, decotes e recortes, preste atenção antes de sair com um look igualzinho. Veja as imagens selecionadas do último SPFW e anote as dicas de como usar sem exagerar.
Os três looks mostrados pela Animale são chiques e elegantes, para festas e até para o trabalho, como na blusa azul (centro), mas ninguém que não seja famoso vai a um evento sem forro. O vestido amarelo, por exemplo, ainda que a região dos seios esteja protegida, a partir da cintura, deixa a calcinha aparente. Um forro no mesmo tom é tudo de bom. A blusa central também vai bem com um top estilo strappy bra (com tiras) ou com uma camisete, caso queira ir trabalhar com a peça. O vestido rosa merece um top ou forro por baixo.
A tendência “boudoir”, de se inspirar em peças para dormir, chegou ao SPFW por meio das rendas em vestidos que lembram camisola, como nessa peça da Animale. Quer usar? Então coloque um forro por baixo na peça inteira. Só hot pants e top já é coisa batida e passou.
Só a blusinha inspirada em lingerie de dormir também está valendo, como mostra a Animale, desde que com um top bem poderoso por baixo.
Duas opções da Iódice, com tramas e renda, que ficam lindas na passarela, mas requerem um sutiã bonito, um top ou uma camisete por baixo.
Mais seios à vista, como a proposta de Herchcovitch para seu inverno fetichista. Entre quatro paredes, sem problemas. Fora de lá, mais uma vez a escolha de um bom top. E para trabalhar, só vale se vestir por baixo uma camisete.
Ainda que não muito explícita, a transparência entra nos looks de Lino Villaventura (à esquerda) e PatBo (à direita). São lindos e elegantes, mas na vida real, também um top ou sutiã tomara que caia chique por baixo são mais do que bem-vindos.
A estilista Helô Rocha propôs looks brancos, com penas, rendas e tules de bolinhas (chamados point d´esprit). Na passarela, seios à vista; na vida real, algo por baixo, por favor, caso você não seja famosa nem queira ser o centro das atenções no evento.
As tramas abertas estão em alta, inclusive para o inverno. Por isso, as grifes mostram modelos tão vaporosos. Mas faça um exercício fashion e imagine, por exemplo, o look bege de Patricia Viera com um forro brilhante dourado ou nude por baixo. Lindo, não? E a blusa em trama de teia de aranha lilás da Amapô sobre um pretinho básico? Prontos para sair e arrasar.
A Ellus (à esquerda) e Reinaldo Lourenço (à direita) mostram como é possível usar transparências sem exageros. Claro que o corpo precisa estar em ordem e a pessoa tem de ter atitude para os looks, mas veja que tanto no estilo esportivo da Ellus, ou no mais chique de Reinaldo, a tendência chega de forma sutil e usável.
E para quem não quer mesmo exagerar, mas gosta de mostrar um pouco de pele, há bons exemplos, como o look que Aline Weber desfilou para Lilly Sarti, e a proposta de Giuliana Romanno. Ambos dão ênfase à cintura, com recorte em triângulo que ajuda a afunilar a região. Mas atenção, a peça não pode ser muito justa, para não marcar, nem a pessoa pode ter quilinhos extras.
As fendas também são ótimos recursos para mostrar a pele. O cuidado é com o exagero. No look fetichista de Alexandre Herchcovitch, há até meia tipo arrastão e casaco aberto até em cima. Dá para deixar o zíper mais baixo, que fica sensual na medida certa. O look da direita é de Giuliana Romanno e também traz fenda alta, mas como o vestido é leve, não está exagerado. Se não quiser arriscar, é só fechar um pouco.