Top se recupera após quase ficar tetraplégica: vida é um fio

Bárbara Beluco sofreu um grave acidente de carro na Argentina, em que fraturou a coluna e ainda não consegue mexer o pescoço normalmente

5 mar 2015 - 17h13
(atualizado às 17h34)
A modelo, que herdou em 2012 o título de “O Corpo” da modelo Elle Macpherson, ao concorrer com 200 garotas, diz que engordou 4 kg, mas já perdeu quase tudo, com dieta de proteínas
A modelo, que herdou em 2012 o título de “O Corpo” da modelo Elle Macpherson, ao concorrer com 200 garotas, diz que engordou 4 kg, mas já perdeu quase tudo, com dieta de proteínas
Foto: Divulgação

A modelo Barbara Beluco, 27 anos, achou que sua carreira iria se acabar naquela sexta-feira, 12 de dezembro de 2014. Pior, achou que sua vida terminaria ali, numa rodovia argentina, quando a van que a levava para uma sessão de fotos sofreu um acidente e capotou. Tudo aconteceu muito rápido, mas a catarinense sentiu cada segundo. "Passaram mil filmes na minha cabeça". 

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Quase três meses depois, está praticamente recuperada, mas ainda não totalmente em forma. Com duas fraturas na coluna, a top temeu ficar tetraplégica e ainda não consegue mexer o pescoço normalmente. "Pareço um robozinho", disse em entrevista exclusiva ao Terra

Em 2012, foi escolhida como a sucessora de Elle Macpherson, conhecida como "The Body" ("O Corpo"), vencendo 200 concorrentes para estrelar campanha da marca de lingerie da modelo australiana. A denominação era de Macpherson que, no auge de sua carreira nos anos 1980, recebeu o título nos Estados Unidos devido às suas curvas. A brasileira foi eleita por ter um biótipo muito parecido com o da supertop.

Nesse período de convalescência – ela começa a fisioterapia esta semana -, Bárbara Beluco leu muito e começou a fazer quadros com colagens, para passar o tempo. E também deu uma engordadinha no primeiro mês: 4 kg. "Só comia guloseimas", afirmou. Mas focou na dieta e já perdeu quase tudo.

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Dependendo da evolução no tratamento, até pode voltar a desfilar em abril, no SPFW. "Estou de volta, mas no meu ritmo", disse ela, que não quer antecipar nada que possa prejudicar sua saúde. "Preciso sentir também minha evolução na fisioterapia para recuperar minha segurança pessoal", acrescentou. Na entrevista, Bárbara contou como foi o acidente, suas lembranças e a lição que tirou disso tudo. "A nossa vida é um fio, muito frágil e pode se romper sem aviso prévio." Confira trechos.

Bárbara Beluco usa o colar cervical até hoje, três meses depois do acidente: "pareço um robozinho"
Foto: Divulgação

Terra - Quais lembranças você tem do acidente? Conte como foi, o que passou pela cabeça quando acordou?

Bábara Beluco -

Foi muito assustador, me lembro de flashes, do barulho muito alto e do rosto de pânico de um dos motoristas. Foi bem rápido, mas parece que eu senti cada segundo. Em todo momento, eu pensava: "Não acredito que está acontecendo isso, não está na minha hora, não pode estar". Quando abri os olhos novamente, estava dentro do micro-ônibus tombado e com fumaça. Tive a certeza de que ia explodir, gritei com toda a força e bati no vidro para chamar o motorista, que já tinha saído para quebrar o vidro para eu poder sair. Aí pensei: "ufa, tô viva!"

Terra - Em algum momento, você achou que sua vida mudaria para sempre, como ter sequelas, deixar de modelar?

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Bábara Beluco -

 Sim! Quando a ambulância chegou, e a adrenalina toda foi embora, comecei a sentir dor no quadril, na cabeça e no pescoço. No trajeto do acidente para o hospital, sozinha com os  bombeiros argentinos que não paravam de falar comigo, eu não sentia minhas

pernas

, parei de tentar falar e só chorava. Eles tentavam me acalmar, mas só me acalmei chegando ao hospital. Foi horrível, passaram mil filmes pela minha cabeça. Pensei sim que poderia ficar tetraplégica, mas não cheguei a pensar na minha profissão. Amo o que eu faço, mas só pensava em ter a minha vida de volta, que o pesadelo acabasse logo.

A catarinense quer voltar a desfilar, mas sem pressa: o foco é a recuperação
Foto: Divulgação

Terra - Como foi o processo de recuperação após o acidente?

Bábara Beluco -  Foi bem demorado. Nos primeiros dias, eu só podia andar de cadeira de rodas até para tomar banho. Uma semana depois, já levantava, mas não conseguia ficar em pé nem meia hora. Fui para o sul, onde meus pais cuidaram de mim com todo amor, carinho e paciência, porque eu estava muito fragilizada. Claro que agradeci a Deus a cada dia por estar viva, mas bate uma revolta interna. E me perguntava: "mas por que aconteceu isso comigo?". Minha maior felicidade foi conseguir caminhar na praia um mês depois. Desde então, aos poucos, comecei a me mexer sempre com o colar cervical. Em março, completam três meses e agora começarei a fazer fisioterapia para recuperar os movimentos do pescoço, pois ainda tenho medo de mexer a cabeça.

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Terra -  Você teve de parar todas as suas atividades físicas. Isso trouxe alguma consequência ao seu corpo? Quais?

Bábara Beluco -  Sim, infelizmente. Sou sempre muito ativa, malhando até duas vezes por dia e, de uma hora para outra, nem levantar da cama eu podia. Eu estava tão triste que a minha única felicidade na casa da minha mãe eram as guloseimas. Dei uma engordadinha, 4 kg, mas quando deu um mês e meio, coloquei um biquíni e pensei: "Chega! (risos) Isso não me pertence". Foquei sério na dieta das proteínas e já perdi quase tudo.

Terra -  Quais os próximos passos a partir de agora? Que tipo de fisioterapia vai fazer? 

Bábara Beluco - Vou começar pela fisioterapia, que no começo é bem suave, pois eu tiro o colar e pareço um robozinho. Desaprendi a mexer a cabeça. Depois, aos poucos, a vida vai voltando ao normal. Corridas, só em junho. Mas tudo bem, uma coisa que eu aprendi com isso foi ter paciência.

Terra - Nesse tempo de molho, você começou a pintar e leu muito. Já pintava antes?

Bábara Beluco - Minha mãe sempre pintou, desde que eu era pequena. Até tinha tentado me ensinar, mas eu não levava muito jeito para as paisagens e flores. Então tinha desencanado, até que em um dia em que estava nervosa por não ter nada útil para fazer e já ter lido quatro livros, ela teve a ideia da pintura. Pensei: "maravilha. Estou precisando de uns quadros para minha casa mesmo, mas nada de paisagens, adoro abstrato e modernismo". Fiz o primeiro e adorei, me inspirei muito em um artista incrível chamado Peter Tunney. Comecei então a fazer quadros com recortes e colagens. Cada quadro é um quebra-cabeça para mim. Cada um tem uma história e mensagens. Foram seis desses até agora, sendo que três foram pedidos por amigos. E cada um tem uma mensagem pessoal... Adorei me sentir útil e virou meu passatempo preferido pelo menos por agora.

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Terra - Alguns dos livros que leu neste tempo ajudaram a superar o susto?

Bábara Beluco -

 Li vários. Dois do Paulo Coelho, Jô Soares, Paula Fox para distrair. Também li um sobre a cabala, que me ajudou a aceitar e entender certas coisas. Percebi que tudo tem um lado bom, até mesmo as coisas ruins. Pude dar mais atenção à minha espiritualidade, que vinha sendo negligenciada no meio de tanta correria diária.

Modelo sofreu acidente quando se dirigia á Argentina de van para realizar fotos: "passaram mil filmes na minha cabeça"
Foto: Divulgação

Terra - Como foi o apoio de sua família nesse período?

Bábara Beluco -

 Foi fundamental, meus pais pararam tudo para me confortar e me ajudar. Minha mãe era minhas pernas e braços, pois fazia tudo por mim. E meu pai não cansava de responder minhas perguntas, já que é médico e eu ficava querendo saber sobre minha lesão. Depois de 10 anos que saí da casa deles, esse foi o maior tempo que passei com eles novamente. Foi maravilhoso! Vou ficar com saudade do "SPA Belucão" (risos), como eu falava para as minhas amigas.

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Terra - Você se separou em 2014 e, no fim do ano, sofreu este acidente? O que espera para 2015? 

Bábara Beluco -

 Com toda certeza será melhor que 2014! Fiz muitos planos, mas quero fazer tudo sem pressa, afinal, nasci de novo. Preciso de um tempinho para me sentir segura no mundo lá fora e voltar ao trabalho devagarzinho.

Terra - Quais seus planos para 2015 em termos pessoais e profissionais? Pretende voltar a desfilar já no próximo SPFW?

Bábara Beluco -

 Eu gostaria muito, mas esta semana terei uma reunião na agência para decidirmos. Preciso sentir também minha evolução na fisioterapia para recuperar minha segurança pessoal. Se tudo for como esperado, eu farei sim. O povo da

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moda

foi muito carinhoso comigo, mandavam mensagens e sempre me deram muita força. Estou de volta, mas no meu ritmo.

Terra - Você já tinha contratos fechados até abril. Como as empresas encararam o fato de não poder fazer os trabalhos?

Bábara Beluco - 

Alguns trabalhos foram cancelados em janeiro, fevereiro e março. Os clientes foram maravilhosos entendendo a situação que passei. Vamos abrir minha agenda agora, pois ainda estou dependendo da recuperação dos movimentos.

Terra - Você foi considerada O Corpo, o que acha desse título?

Bábara Beluco -

 É uma alegria, uma satisfação enorme saber que toda a minha dedicação para manter a forma foi reconhecida. Até muito antes do título, eu já incentivava o estilo corpo magro e saudável com exercícios. Hoje em dia temos várias meninas com corpos fenomenais. Fico feliz por ter sido uma das pioneiras dessa prática. Tem de malhar e cuidar da saúde. Nada de maluquices.

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Durante o período de recuperação, Bárbara ocupou seu tempo fazendo quadros com colagens, inclusive para os amigos: "adorei me sentir útil e virou meu passatempo preferido"
Foto: Divulgação

Terra - Você praticava exercícios físicos sempre, como corrida e luta? Foi difícil ficar parada nesse tempo todo?

Bábara Beluco -

Muito. Na verdade, foi o que mais me fez falta, e ainda tenho que esperar mais dois meses para voltar. Não vejo a hora de correr, mas logo que voltei a caminhar já achei outros jeitos de não ficar parada. Estou firme e forte na musculação e até estou pegando gosto. Só preciso cuidar para não ficar fortinha demais.

Terra - Qual a maior lição que tirou desse momento de sua vida?

Bábara Beluco -  Que a nossa vida é um fio, muito frágil e pode se romper sem aviso prévio, e aí, nada se leva, nada se diz, nada se responde. Enquanto eu estava na ambulância, percebi que tinha muita coisa a ser dita, muito amor para ser dado, desculpas para serem faladas. Eu acho que a partir daquele dia, vi o quanto é importante mostrar para as pessoas que amo o quanto elas são importantes para mim.

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Fonte: Ponto a Ponto Ideias Ponto a Ponto Ideias
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