Pole dance trabalha músculos e flexibilidade; praticante perde 20 kg

Prática tenta superar o preconceito de dança sensual e se firma como esporte que une técnica, força, leveza e acrobacias artísticas

2 out 2013 - 08h50
(atualizado às 09h02)

Dançar não é para qualquer um. Conseguir manter todo o peso do corpo sustentado pelos braços também não é privilégio de todos. Executar movimentos acrobáticos com leveza e como se flutuasse no ar é para menos pessoas ainda. Mas, tudo isso junto, definitivamente é quase somente para os praticantes de pole dance. Embalados pelo ritmo de uma música escolhida a dedo, os atletas rodopiam, cruzam as pernas, fazem abertura, escorregam e, acredite, do alto de uma fina barra de metal fixada no teto. Tudo isso, claro, sem perder o charme, a leveza e manter o sorriso no rosto.

Aprenda passos de pole dance com instrutora
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“A parte mais difícil do pole dance é que ele une força, além de ter que ter leveza, uma expressão suave, acertar na dança, na musicalidade, na parte artística, na flexibilidade”, explica a presidente da Federação Paulista de Pole Dance e organizadora do Campeonato, Mari Silva.

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Prática nascida na década de 1980 das casas noturnas do Canadá e dos Estados Unidos, o pole dance era considerado apenas uma dança de apelo erótico para entreter o público destes clubes. Mas, desde a década de 90, professores da arte se dedicam a difundir que é, na verdade, uma modalidade esportiva, já que trabalha todos os grupos musculares do corpo, exige técnica, treino, tem movimentos e graus de dificuldade definidos.

5º Campeonato Brasileiro de Pole Dance

E, com o objetivo de mostrar o lado fitness do pole dance, que campeonatos e disputas nacionais e internacionais têm sido criados nos quatro cantos do mundo. Neste contexto, São Paulo recebeu o 5º Campeonato Brasileiro de Pole Dance, no último fim de semana. “Estes eventos esportivos que fazemos é com o intuito de chamar atenção dos dirigentes olímpicos que o pole dance é uma atividade de grau técnico muito difícil e que tem todo o perfil de um esporte olímpico. Vai ser difícil porque existe toda uma história de preconceito, mas vale a pena correr atrás e ver o resultado”, diz Mari.

As escolas e federações buscam junto ao COI (Comitê Olímpico Internacional) que o pole dance seja incluído nas Olimpíadas de 2020. O Brasil tem se destacado no cenário mundial do esporte e é o 2º país que registra maior crescimento de abertura de academias do mundo, com cerca de 30 escolas somente em São Paulo.

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Ainda com um certo grau de amadorismo, mais de 80 candidatos participaram das eliminatórias e disputa de cinco categorias da competição: feminino e masculino profissional e amador e duplas. No palco e corredor do evento, o que se viu, além de figurinos exuberantes, muitos músculos, penteados, maquiagens extravagantes, é paixão pela arte. Sem exceção, alunos, professores e competidores compartilhavam de imensa admiração pelo pole dance e, vindos de diversos estados do País, aplaudiam de pé e gritavam a cada giro dado na barra.

Entre eles, estava Philipe, que acompanhava de perto os passos da namorada. “Ele é aluna de dança da UFRJ e o pole dance é uma forma dela treinar força e equilíbrio em casa”, diz, orgulhoso.

E de olho nos aplausos de cima do palco estava Edi Reis, campeã paulista, brasileira e sul-americana em 2011, e jurada em 2012. Aos 48 anos, a paulistana competia com as meninas mais novas e mostrava no palco o resultado de mais de 5 anos de prática que a ajudaram a perder quase 20 quilos, recuperar a auto-estima e abandonar a micro empresa e se transformar em instrutora da atividade. “Tenho que competir para mostrar para as mulheres mais velhas que somos capazes, que podemos ganhar das meninas de 20. O pole dance mudou tudo em mim, não estava feliz com meu corpo, eu não tinha músculo, hoje eu tenho músculos e minha auto-estima mudou totalmente”, disse.

Músculos definidos

E, na casa dos seus 20 e poucos, estava a carioca Letícia Grasso, que desta vez, estava na plateia, mas pretende estar no palco no próximo ano. A estudante ficou encantada ao ver uma imagem de pole dance em um clipe da cantora Adele, entrou na aula e hoje tem uma barra fixada no teto de casa. "Neste vídeo, achei o pole dance diferente daquilo que estava acostumada a assistir, senti a arte mesmo, ela envolvida na hora de dançar, os movimentos cheio de contorcionismo que eu nunca tinha visto, porque você geralmente só vê os giros como aquela coisa meio de boate, e quando vi colocando arte, paixão, fiquei encantada e agora estou procurando fazer o mesmo”, disse.

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Há pouco mais de um ano, Letícia emagreceu, disse que a auto-estima e a confiança melhoraram muito e se diz satisfeita com os resultados conquistados com os treinos semanais. “Quando eu comecei, não conseguia nem colocar a mão no pé, agora faço movimentos que você coloca o pé na cabeça,na barra. Estou muito mais definida, forte e emagreci um pouco também”, empolga-se.

Jovem mostra flexibilidade e vence campeonato de Pole Dance
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Também na torcida pelas amigas estava Marli Gucchim, de Fortaleza, que pratica pole dance há dois anos, e só não estava na competição porque se machucou durante o prazo para enviar o vídeo de inscrição. “Procurei o pole dance como uma atividade física e hoje ele é meu vício, antes treinava duas vezes por semana, agora treino cinco vezes, até no sábado. Ele mudou tudo no meu corpo. Músculos que eu nem sabia que tinha, apareceram”, diz aos 43 anos e mãe de três filhos. Segundo Mari Silva, organizadora do evento, o pole dance pode queimar até 350 calorias por aula.

Driblando o preconceito

Músculos proeminentes é também o resultado mais visto no corpo de Jon Meneghel, jornalista de Presidente Prudente que ficou na terceira colocação da categoria masculino amador e treinava entre 15 e 18 horas para se preparar para o campeonato. Há cerca de dois anos e meio conheceu o pole dance e, desde então, leva o preconceito com jogo de cintura porque a arte é maior.

“É um pouquinho complicado o pole dance para o público masculino. Algumas pessoas ainda têm muito preconceito, por isso nós diferenciamos o sensual do fitness. Os movimentos do fitness são mais de força, não tem tanto rebolado e, apesar de dançar de sunga, não tem tanta exposição do corpo”, explica.

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Quase uma década após a chegada do pole dance no Brasil, a precursora da modalidade por aqui e responsável pelo treinamento da atriz Flávia Alessandra na novela Duas Caras, Alexandra Valença, diz que hoje o preconceito é “tranquilíssimo”. “Nove anos atrás, você não sabe o que era, nem te falo do que eu era chamada na rua. No entanto, esse preconceito vai sempre acontecer, porque vai sempre existir o público que quer ver o lado sensual. O pole realmente se trata de uma prática desportiva, mas as pessoas têm as suas preferências, umas gostam mais do lado sensual, outras do lado artístico”, diz.

Fonte: Terra
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