O arquiteto Lisandro Piloni, de São Paulo, tinha 80 m² e um monte de móveis da casa anterior do cliente para criar um ambiente totalmente novo. A missão de Piloni era reformar o apartamento de um empresário que havia se mudado de São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, para o bairro de Perdizes, na capital, e trazia com ele peças de estilos bem diferentes. Diante desse quadro, o arquiteto fez um projeto para “valorizar um apartamento antigo com poucas e simples intervenções”. A obra durou seis meses e usou a variedade de estilos dos móveis do cliente para criar um apartamento em que o irreverente e o retrô convivem lado a lado.
Como se tratava de um imóvel alugado, não era possível fazer mudanças estruturais, como derrubar paredes ou fazer uma moldura de gesso no forro. Por isso, a solução foi aproveitar as características originais para dar uma cara nova ao apartamento. Assim, os furos na parede onde era encaixado o antigo espelho foram usados para encaixar os dois novos espelhos que hoje decoram o ambiente.
O arquiteto seguiu a mesma filosofia no resto do apartamento: sem transformações radicais, mas com mudanças básicas – e necessárias – piso e paredes ganharam um visual totalmente novo. “O piso de madeira estava todo estragado e riscado, por isso ganhou um novo acabamento. Já as paredes receberam pintura e papel de parede”, conta o arquiteto.
Piloni conta que foi possível entender o que o morador queria por meio de conversas informais e transformar esses desejos em realidade usando os móveis que ele já possuía. “O cliente tem um estilo que mescla peças mais modernas com objetos clássicos. O gosto dele exige que seja criada uma mistura de elementos quentes que criem aconchego nos ambientes”, explica.
Apesar de os móveis serem os mesmos do apartamento antigo, tecidos e forros foram trocados. De acordo com o arquiteto, o que norteou a paleta de cores dos ambientes foi o gosto do proprietário e as cores das paredes. Para o quarto, por exemplo, foi sugerido um verde escuro. A cômoda ganhou laqueação na mesma cor e até a cabeceira da cama recebeu um novo revestimento para ficar mais em harmonia com as cores do dormitório.
O papel de parede caramelo deu o tom das cores da sala, já que o tecido do sofá foi trocado. Como o ambiente era pequeno e nele predominavam tons terrosos, Piloni colocou uma cadeira de acrílico no canto da sala para dar leveza ao ambiente. “Reformamos o tecido do sofá de acordo com a decoração e fomos vendo que móvel cabia em que cômodo e qual era a melhor disposição para as peças.”
A estante da antiga sala de TV, por exemplo, foi dividida em três peças. Duas partes ficaram no escritório e a outra, na nova sala de TV. O antigo suporte da TV ganhou um quadro. Além dele, o escritório – exigência do morador –, foi equipado com vários objetos de decoração e obras de arte, item escasso na coleção do morador, apesar de já ter a casa praticamente montada. Os objetos criam uma atmosfera confortável para receber amigos e clientes.
Essa ideia foi seguida também na cozinha. Por lá, os elementos antigos são mais gritantes – seja o tapetinho de fuxico feito pela mãe, a cúpula de pendente herdada da avó ou o velho armário reformado para continuar com uma cara antiga, mas bem mais estilosa. A veia irreverente aparece na cozinha com o mural pintado com tinta de lousa e em alguns elementos do quarto, como a cabeça de urso de pelúcia sobre a cabeceira da cama e a luminária que imita um abajur.