Casa em forma de bola abre as portas ao público pela 1ª vez

Nesta sexta-feira, 29 de novembro, os paulistanos terão a última oportunidade de conhecer de perto uma das construções mais curiosas da cidade: a Casa Bola, imóvel projetado e habitado pelo arquiteto Eduardo Longo que até hoje intriga quem passa pelas ruas Amauri e Peruíbe, no Itaim Bibi. Pela primeira vez desde que terminou a construção da casa, em 1979, Longo decidiu abrir as portas de sua residência para que o público pudesse ver por dentro esse ícone da arquitetura da cidade. 

A visita faz parte da programação do Museu da Casa Brasileira para a 10ª Bienal de Arquitetura de São Paulo, e o próprio arquiteto recebeu os visitantes ao longo das sextas-feiras de novembro para apresentar-lhes seu intrigante projeto e contextualizá-lo em sua produção arquitetônica. Amanhã será realizada a última dessas sessões.

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O passeio guiado é uma experiência única. Em um primeiro momento, o visitante se sente dentro de um cenário de filme de ficção científica. Depois, janelas redondas passam a ideia de que se trata de uma cabine de barco. Ao mesmo tempo, o predomínio do branco remete a uma típica casa grega pendurada sobre o Mediterrâneo.

O projeto começou a ser gestado quando o então “nervoso” Eduardo Longo virou “hippie” na década de 70, segundo as palavras do próprio arquiteto. “Eu comecei a duvidar do que fazia, usava muito material, fazia muito esforço para construir – com o que usava na época dá para fazer dez casas hoje”, explica Longo, cujos projetos até então eram marcados por uma característica escultural.

O arquiteto começou, então, a pensar em uma residência que pudesse ser feita em série numa fábrica e, adotando uma postura mais racionalista, finalmente encontrou um formato. “A bola é o volume mais econômico em termos de superfície”, comenta Longo, que então sonhava com grandes prédios feito apenas com unidades nessa forma.

Como precisava “entrar numa bola para entender”, começou, em 1972, a construir a Casa Bola em cima de sua então residência e escritório, que já havia sofrido uma grande reforma: Longo demoliu a parte térrea e criou uma passagem púbica que ligava as ruas paralelas. O que era para ser provisório, feito de lona, acabou tornando-se permanente, construído com argamassa armada (usada para fazer barcos: muito fina, mas muito resistente).

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Tão curioso quanto o formato é o fato de que quase todos os móveis dentro da casa foram feitos com esse mesmo material. Até a geladeira embutida, cujo motor aquecido serve para secar roupas do outro lado da parede, foi feita com argamassa armada.

A distribuição de cômodos é convencional: três suítes, sala de jantar, lavabo, cozinha e uma grande sala de estar, num total de 100m². O que surpreende são os formatos, com muitas curvas. Na decoração, o quase monopólio do branco e a ausência de adornos dão um ar clean e minimalista.

Quanto ao exterior, Longo crava sem indulgência: “Por fora, é feia”. Isso se deve ao jeito meio improvisado como foi feita, com o próprio arquiteto botando mãos à obra. Mesmo canos abandonados da Sabesp foram usados para escorar a construção. Por isso, demorou cinco anos para ficar pronta.

Quase 25 anos depois da aventura estética de Longo, ainda não há Casas Bola espalhadas por aí. Mais ainda, o arquiteto teve que fechar a passagem pública no andar térreo de sua residência devido a problemas de segurança. Ainda assim, ele não deixa de ser um sonhador: “Ainda acho que o projeto é viável, e a tecnologia se encaminha para isso”. O arquiteto até fala em residências voadoras, como balões que possam ser levados de um lado para o outro. E que melhor formato para voar, ressalta Longo, do que a bola?

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A visita ocorre em dois horários, 11h e 16h, é gratuíta e deve ser agendada no Museu da Casa Brasileira.

Endereço: Av. Brigadeiro Faria Lima, 2705 - Jardim Paulistano

Telefone: (11) 3032-3727

Fonte: PrimaPagina
Fonte: Terra
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