Linhas elegantes, simplicidade no desenho, uso de materiais como papel e papelão, paredes de cortina, ou mesmo parede nenhuma. Estas são algumas das características mais notáveis do trabalho do arquiteto japonês Shigeru Ban, e foi graças a elas que Ban ganhou o Prêmio Pritzker de 2014, considerado o Nobel da arquitetura mundial. Segundo um comunicado do júri da premiação, “sua abordagem criativa e inovação, especialmente em relação a materiais e estruturas de construção, e não meramente boas intenções, estão presentes em todos os seus trabalhos”.
As “boas intenções” que o comunicado cita se referem ao trabalho humanitário de Ban, que, desde 1994 – quando fez abrigos com papel para os refugiados da guerra em Ruanda –, tem criado estruturas de emergência nas mais diversas regiões afetadas por desastres humanos ou naturais. Em 1995, por exemplo, depois do terremoto que devastou a cidade japonesa de Kobe, Ban criou casas de papelão para os desabrigados. O arquiteto ainda fez uma impressionante catedral de tubos de papel para servir de centro cívico para os moradores da cidade.
As técnicas surpreendentes do arquiteto japonês também estão presentes em seus trabalhos privados e públicos. “Na Naked House, ele conseguiu questionar a noção tradicional de ambientes e, consequentemente, de vida doméstica, e, ao mesmo tempo, criar uma atmosfera translúcida, quase mágica”, afirmou o júri da premiação no mesmo comunicado. Trata-se, na verdade, de uma residência, no Japão, sem nenhuma divisória.
Outra obra surpreendente é a Curtain Wall House, casa com dois andares cujas paredes externas são cortinas, que podem ser abertas ou fechadas conforme o desejo do morador. De certa forma, Ban expandiu o conceito em um prédio cujas paredes da fachada também podem ser completamente abertas.
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Com linhas elegantes e usando materiais inusitados, como papel, o japonês Shigeru Ban recebeu o Prêmio Pritzker de 2014, considerado o Nobel da arquitetura. Uma de suas obras mais impressionantes é esta catedral, feita com tubos de papelão
Foto: Stephen Goodenough/Divulgação
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A catedral de papelão foi feita em Christchurch, cidade neozelandesa devastada por um terremoto
Foto: Stephen Goodenough/Divulgação
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Em 1994, Ban desenhou estruturas de papel para servir de abrigo aos refugiados da guerra em Ruanda
Foto: Shigeru Ban Architects/PrimaPagina
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Depois do terremoto no Haiti, o próprio arquiteto foi ao país devastado ajudar a construir as estruturas de papel
Foto: Shigeru Ban Architects/PrimaPagina
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Em 2011, o inventivo Ban usou contêineres para criar estruturas provisórias na cidade japonesa de Myiagi
Foto: Hiroyuki Hirai/Divulgação
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Basta ver os contêineres por dentro para ver que simplicidade não significa ausência de capricho
Foto: Hiroyuki Hirai/Divulgação
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Também no Japão, o arquiteto criou uma casa de dois andares cujas paredes externas são cortinas, que podem ser abertas...
Foto: Hiroyuki Hirai/Divulgação
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...ou fechadas de acordo com o desejo do morador
Foto: Hiroyuki Hirai/Divulgação
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O arquiteto expandiu esse conceito em um prédio, cujas paredes da fachada se abrem...
Foto: Hiroyuki Hirai/Divulgação
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...e fecham, como na casa com paredes de cortina
Foto: Hiroyuki Hirai/Divulgação
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Um dos projetos mais radicais de ban é uma casa de linhas elegantes e nenhuma parede
Foto: Hiroyuki Hirai/Divulgação
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Na Naked House, ele conseguiu questionar a noção tradicional de ambientes e, consequentemente, de vida doméstica. Ao mesmo tempo, criou uma atmosfera translúcida, quase mágica, afirmou o júri da premiação sobre o projeto sem paredes
Foto: Hiroyuki Hirai/Divulgação
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A ausência de paredes e pureza de linhas é uma das principais marcas do arquiteto japonês
Foto: Hiroyuki Hirai/Divulgação
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As residências projetadas por Ban são facilmente reconhecíveis por suas notáveis características, como a simplicidade do design
Foto: Hiroyuki Hirai/Divulgação
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O arquiteto criou o gosto pelas construções em sua infância, observando os carpinteiros que trabalhavam na residência de seus pais
Foto: Hiroyuki Hirai/Divulgação
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O japonês chegou a pensar em ser carpinteiro, mas acabou formand-se em arquitetura nos Estados Unidos, no Instituto de Arquitetura do Sul da Califórnia
Foto: Hiroyuki Hirai/Divulgação
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Uma das primeiras grandes experiências de Ban com o papelão foi a igreja que ele construiu na cidade japonesa de Kobe, que havia sido devastada por um terremoto em 1995
Foto: Hiroyuki Hirai/Divulgação
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A catedral, feita com tubos de papel, serviu de centro cívico para a população da cidade destruída
Foto: Hiroyuki Hirai/Divulgação
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Quando foi chamado para desenhar a filial do parisiense Centro Pompidou, um dos principais museus de arte moderna do mundo, Ban já chamou a atenção com seu escritório em Paris
Foto: Didier Boy dela Tour/Divulgação
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Ele fez uma estrutura também com papel no topo da sede do museu, que já era um dos mais instigantes edifícios construídos no século XX
Foto: Didier Boy dela Tour/Divulgação
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A filial do Centro Pompidou, na cidade francesa de Metz, não deixou nada a dever a sua irmã parisiense
Foto: Didier Boy dela Tour/Divulgação
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O prédio se destaca pela elegância das linhas e a leveza da estrutura
Foto: Didier Boy dela Tour/Divulgação
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Ban vai receber o prêmio em uma cerimônia em Amsterdam, no dia 13 de junho. Com a honraria, ele se junta ao também japonês Toyo Ito, vencedor no ano passado, e aos brasileiros Oscar Niemeyer e Paulo Mendes de Rocha, que ganharam, respectivamente, em 1988 e 2006
Foto: Shigeru Ban Architects/Divulgação
Ban aplicou a mesma inventividade em seus projetos públicos. A filial do Centro Pompidou – museu parisiense de arte moderna – na cidade francesa de Metz causou reboliço antes mesmo de começar a ser construída. Isso porque o japonês criou um escritório de papelão no terraço da sede da instituição em Paris. Já a filial impressiona com suas linhas elegantes e sua estrutura leve e transparente.
Por vezes chamado de sustentável, Ban rejeita o título. Não por incompatibilidade, mas por seu trabalho ter começado antes mesmo de o termo existir. “Quando eu comecei a trabalhar desta maneira, há quase 30 anos atrás, ninguém estava falando sobre o meio ambiente”, declarou o arquiteto.
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Formado no Instituto de Arquitetura do Sul da Califórnia, nos Estados Unidos, foi na infância, no Japão, que Ban começou a tomar gosto pelo trabalho com materiais leves e pela simplicidade de estruturas. Ele ficou fascinado com o trabalho de carpinteiros que trabalhavam na antiga casa de seus pais, e quase decidiu seguir essa carreira. Na adolescência, resolveu enveredar pela arquitetura.
Em 13 de junho de 2014, Ban terá a confirmação definitiva de que escolheu a profissão certa. Neste dia ele vai receber oficialmente o Prêmio Pritzker em uma cerimônia realizada na Holanda. Aliás, será o segundo ano consecutivo que a honraria vai para o Japão. No ano passado, o ganhador foi o arquiteto nipônico Toyo Ito. Dois brasileiros já ganharam o Nobel da arquitetura: Oscar Niemeyer, em 1988, e Paulo Mendes da Rocha, em 2006.