Controlar o uso de redes sociais pode reduzir ansiedade e depressão nos jovens

60% dos adolescentes de 16 a 18 anos passam de duas a quatro horas diárias em suas redes sociais. Quanto mais tempo conectados, mais riscos.

18 out 2024 - 05h01

Um novo estudo realizado pela Universidade de Oxford encontrou uma forte correlação entre o uso de redes sociais e altos índices de ansiedade e depressão, em um momento em que o sistema público de saúde do Reino Unido (NHS) registra um aumento importante de transtornos de saúde mental entre os jovens. ´

O resultado do trabalho, publicado essa semana no jornal Financial Times, revela que 60% dos adolescentes de 16 a 18 anos passam de duas a quatro horas diárias em suas redes sociais. Quanto mais tempo conectados, maiores os riscos. As garotas são mais afetadas do que os homens.

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Em 2019, antes da pandemia, em parceria com o Grupo Positivo, conduzi uma pesquisa que entrevistou 3.300 alunos em 53 escolas públicas e privadas do país, e os resultados apontavam a mesma direção. Você encontra aqui todos os dados e nossas conclusões. De lá para cá, a percepção é que a situação se agravou. 

Menino no celular
Menino no celular
Foto: Orbon Alija/iStock

Os pesquisadores desse estudo atual (BrainWaves Study) apostam que “desmamar” das redes e investir mais tempo em melhorar o sono e praticar exercícios físicos contribuiria para a saúde mental dos jovens.

Os atendimentos em saúde mental de crianças e jovens no NHS dobraram no período que vai de 2016-2017 para 2023-2024. 20% dos pacientes são justamente as garotas de 16-17 anos, possivelmente mais pressionadas pelo uso das redes. Cyberbullying, imagem corporal idealizada, machismo e o maior tempo de conexão delas são alguns dos fatores que ajudam a explicar os números.

Os transtornos mentais são hoje um dos maiores desafios para a saúde pública mundial. Para os pesquisadores, eles estão começando cada vez mais cedo, afetam muita gente e podem se tornar recorrentes ao longo da vida.

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Além da qualidade do sono e da atividade física, outras estratégias cognitivas importantes para a melhora da saúde mental dos jovens são aprender a lidar com mudanças, manejo do estresse e desenvolvimento de pensamento crítico.

Eles concluem que ter nas mãos o controle das próprias ações e entender as consequências, inclusive no tempo e frequência do uso das redes sociais, pode ser um instrumento poderoso para reduzir os níveis de ansiedade e depressão.

Cada vez mais aposto na educação digital, em casa e na escola, como uma oportunidade única para trabalhar limites e impactos que o uso das telas pode ter na vida, no bem-estar, na saúde mental e no futuro das novas gerações. Como anda a discussão desse tema na sua casa e na escola dos seus filhos?

*Jairo Bouer é psiquiatra e escreve semanalmente no Terra Você.

Fonte: Jairo Bouer
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