Linn da Quebrada acerta ao se afastar do trabalho para tratar depressão

Populações como a LGBTQIAP+ estão mais vulneráveis à condição; tratamento é complexo e demora alguns meses para surtir efeito.

26 abr 2024 - 05h00
A cantora Linn da Quebrada
A cantora Linn da Quebrada
Foto: Reprodução/Instagram/@linndaquebrada

Na última terça-feira (23.04), a atriz, cantora e ex-BBB Linn da Quebrada, 33 anos, anunciou uma pausa em sua carreira para tratar da sua saúde mental. Ela estaria enfrentando mais um episódio de depressão, transtorno contra o qual vem lutando há alguns anos.

A equipe da cantora anunciou nas redes sociais que os shows programados foram cancelados e explicou que “tem horas que é preciso parar e reconhecer que o caminho mais seguro é entender a dimensão do problema e compreender que uma doença como essa não pode ser negligenciada”.

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A depressão é um dos transtornos mentais mais comuns em nosso meio. Alguns trabalhos indicam que 15% a 20% da população vai enfrentar esse quadro em algum momento da sua vida. Não é incomum que quem já teve um episódio, volte a sentir o impacto da depressão em outras ocasiões.

Tristeza intensa e prolongada, desesperança, falta de energia, ausência de prazer, lentidão dos pensamentos, angústia, ideias depreciativas de si próprio, dificuldades de atenção e concentração, perda de apetite, dores e insônia são alguns dos sintomas mais comuns.

A depressão pode ter múltiplas causas e envolve predisposição genética, fatores biológicos, psicológicos e sociais, e pode ter alguns gatilhos como rompimentos, perdas, doenças, demissão ou evento traumático. Algumas populações, como a LGBTQIAP+, são mais vulneráveis por conta de preconceitos, discriminação, exclusões sociais e violências múltiplas a que estão expostas em nossa sociedade.

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O diagnóstico é clínico (não existe um exame laboratorial específico que detecte a doença) e o tratamento pode envolve mudanças de hábito de vida, psicoterapia e uso de medicamento (como os antidepressivos) por tempo limitado, sempre sob supervisão médica. Pessoas com episódios recorrentes podem precisar de remédios por um tempo prolongado e utilizar outras medicações como, por exemplo, os estabilizadores do humor.

A atitude de interromper as atividades para poder se cuidar é muito importante para que a pessoa tenha tempo de se recuperar, recebendo suporte da sua rede de apoio e cuidados médicos e psicológicos. Trabalhar e estar exposto pode ser muito complicado para quem não está bem. A depressão, muitas vezes, exige um tratamento complexo, que demora alguns meses para surtir efeito.

Ter a coragem de vir a público e expor a depressão, tratar abertamente do adoecimento psíquico e valorizar a importância do tempo de recuperação e cuidado são atitudes poderosas para quebrar os tabus que ainda cercam a forma como as pessoas e a sociedade lidam com as emoções e com a saúde mental.

Que a Linn possa se recuperar respeitando seu tempo, recebendo atenção e carinho de amigos e familiares, para que logo mais volte a se alegrar e ser feliz com sua arte e sua música. Estamos todos torcendo por aqui.

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*Jairo Bouer é psiquiatra e escreve semanalmente no Terra Você.

Fonte: Jairo Bouer
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