Maria Luiza, mulher do ator Paulinho Vilhena, admite dependência a medicamento

Na busca por alívio da dor, dificuldade para dormir ou tentativa de maior concentração, muitos brasileiros estão se expondo a riscos.

15 dez 2023 - 05h00
(atualizado em 18/12/2023 às 10h10)
Maria Luiza Silveira admitiu o vício no medicamento Venvanse
Maria Luiza Silveira admitiu o vício no medicamento Venvanse
Foto: Reprodução/Instagram/@marialuizasilveira

Cada vez mais gente tem enfrentado problemas de dependência com o uso de medicamentos de uso controlado, que só deveriam ser consumidos por indicação e sob supervisão médica. Na busca por alívio da dor, dificuldade para dormir ou tentativa de maior concentração, muitos brasileiros estão se expondo a riscos. 

A modelo Maria Luiza Silveira, 27, esposa do ator Paulinho Vilhena, 44, falou essa semana ao podcast “Shoes Off” sobre um quadro de dependência que desenvolveu pelo uso do Venvanse (nome comercial da lisdexanfentamina), um derivado de anfetamina usado no tratamento do transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH).  

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O Venvanse, assim como a Ritalina (metilfenidato, outro derivado de anfetamina usado no TDAH) são de uso controlado, e deveriam ser vendidos só com prescrição médica, exatamente pelos riscos dessa classe de medicamentos, entre eles a dependência. 

Apesar da indicação precisa e da necessidade da receita, muitas pessoas, principalmente jovens, têm recorrido ao Venvanse e à Ritalina para um uso recreativo como, por exemplo, passar a noite em claro, estudar para uma prova difícil ou ir para uma festa. 

Além de mais pique, a substância aguça percepções e sensações e traz euforia. Muitas vezes é tomada junto com álcool para atenuar o sono trazido pela bebida. Um dos maiores problemas é justamente a pessoa passar a fazer o uso repetido desses remédios para voltar a experimentar os efeitos desejados.  

Do outro lado da moeda, efeitos colaterais indesejáveis como taquicardia, agitação psicomotora, perda de apetite e dificuldade de dormir podem aparecer. A pessoa pode ficar também mais irritável e com oscilações bruscas do humor. 

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Procurar o médico com queixas falsas (como simular um quadro de TDAH), falsificação de receitas e o mercado negro pela internet são algumas formas de acesso “indevido” a esses medicamentos. 

Maria Luiza contou ao podcast que sair não foi fácil, e que o apoio da sua mãe e do marido foram essenciais. Aliás, além do tratamento médico para a dependência, a rede de apoio é essencial para quem tenta vencer esse quadro. 

Uma epidemia de opioides

Os derivados de anfetamina não são os únicos medicamentos que têm causado um importante aumento dos casos de dependência a fármacos. 

Também nessa semana foi encontrada a jovem brasiliense de 17 anos que estava desaparecida nos EUA desde 20 de novembro. Segundo os pais disseram ao jornal Correio Braziliense e ao Brazilian Times, ela foi localizada a cerca de 30 minutos de Washington DC, onde reside. Ela estava se tratando para ansiedade e depressão e chegou a ter no passado uma overdose por fentanil, um medicamento usado para alivio da dor (analgesia), que é um derivado opioide 50 vezes mais potente que a heroína, e que está causando uma verdadeira epidemia de mortes nos EUA. 

Além do Fentanil, outros remédios potentes usados para dor, como a oxicodona, derivado da morfina, podem gerar um quadro sério de dependência. A história da pressão sobre os médicos para a prescrição do OxyContin, da Purdue Pharma, é contada em um filme interessantíssimo que está no Netflix, “A Máfia da Dor”. 

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Os riscos das Drogas Z

Esse ano também se falou muito da dependência aos medicamentos conhecidos como drogas-Z, como Zolpidem, Zopiclona e Zaleplona, que são indutores de sono não benzodiazepínicos. 

Benzodiazepínicos são os medicamentos mais antigos para tratar ansiedade e induzir sono (hipnóticos), entre eles o diazepam. Essa classe de remédio, muita usada no Brasil, traz um risco bem conhecido e importante de dependência. 

Para tentar driblar esse problema, os laboratórios lançaram há cerca de 20 anos remédios que, em teoria, não teriam esse risco. No entanto, na prática, o que começa com o uso de um comprimido por noite para tratar a insônia pode se transformar, ao longo dos meses, em um calvário que faz a pessoa tomar até 30-40 comprimidos por dia. 

A Anvisa detectou um aumento importante da venda das drogas-Z nos últimos anos. O abuso pode levar a sintomas como estados de confusão mental, sonambulismo e dependência. Famosos como Charlie Sheen, Tiger Woods e Elon Musk admitiram ter tomado atitudes e decisões estranhas e equivocadas sob efeito dessas drogas. O cantor Fernando Zor, da dupla com Sorocaba, admitiu esse ano ter enfrentado dependência do Zolpidem.

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Todos esses dados mostram que o uso indiscriminado, muitas vezes para uso recreativo, de qualquer substância com ação no sistema nervoso central pode se tornar um grande problema para a saúde das pessoas e da população. 

Por isso, a importância da indicação precisa, sempre sob controle médico e por tempo limitado, de qualquer um desses medicamentos. Se você percebe que seu uso está inadequado ou que alguém que conhece pode estar enfrentando problemas com algum desses remédios é fundamental buscar ajuda médica imediata.

*Jairo Bouer é médico psiquiatra e escreve semanalmente no Terra Você

Fonte: Jairo Bouer
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